segunda-feira, 27 de julho de 2009

“HIDING ALL AWAY”

Na noite de ontem, seguindo erroneamente um conselho fílmico, visitei um bate-papo virtual. Não sei se tinha algum interesse definido. Tinha pré-conceitos, que foram radicalmente confirmados. Passei mais ou menos 1h30’ estabelecendo parcos contatos com um punhado de pessoas fúteis. Alguém tinha me dito para exprimir homossexualidade no apelido de acesso. Tornei-me “triste rapaz (HxH)”, portanto! Quando eu vi só se aproximavam verbalmente de mim para perguntar idade, peso, altura e de onde eu falava, percebi logo que aquele não era um ambiente satisfatório. Fui dormir, depois de ter adicionado dois dos contatos “menos piores” no MSN.

Enquanto eu me submetia a tal experimento cibernético, ouvi um cantor triste e experimental que muito agradaria a Rafael Coelho. Pensei em escrever uma resenha do álbum, mas prefiro antes ouvir mais CDs do artista em pauta. Ao acordar, porém, depois de me deliciar ao som de Novos Baianos com minha mãe, fui atacado (no melhor sentido da palavra) pelas tétricas canções dos geniais Nick Cave and the Bad Seeds, banda australiana tendente à morte, depressiva no limite da exaustão. O álbum em pauta era a primeira metade do petardo duplo “Abattoir Blues/ The Lyre of Orpheus” (2004). Três canções me bastaram para gemer de gozo sombrio: a primeira, frenética e sofrida, chama-se “Get Ready for Love”; a segunda, anunciadamente permeada por agonia, chama-se “Cannibal’s Hymn”; e a terceira, “Hiding All The Way”, que me cativou tão violentamente, que eu não hesitei em ficar repetindo-a, repetindo-a, repetindo-a...

“You entered the cathedral
When you heard the solemn knell
I was not sitting with the gargoyles
I was not swinging from the hell
I was hiding, dear,
I was hiding all away”

As vozes gemebundas, os instrumentos gritantes, tocados como se todos os músicos sofressem voluntariamente de Mal de Parkinson, os sorrisos dementes incidentais, orquestrações similares a um espetáculo de exorcismo, a letra tristíssima, justificando qualquer procedimento sugerido de eutanásia antecipada: tudo naquela canção exprimia o que eu sentia naquele exato momento, enquanto caminhava mecanicamente para o trabalho e ainda me lamentava pelos agouros a que me submeti na noite de ontem. Se eu já era fã de Nick Cave and the Bad Seeds, agora então... Eles são geniais!

E, dentro em breve, estarei aqui, a tecer elogios demorados para Andrew Bird. Coelhinho (que, a princípio, não simpatizou com o desespero musical dos artistas australianos) que me aguarde!

Wesley PC>

Um comentário:

Coelho Santana disse...

Gostava muito daquela seu hábito de copartilhar álbuns, aqui um sonzinho faz falta. Ao mesnos estou descobrindo coisinhas novas e as inprovisações com Bara tem garantido boas lembrânças