sábado, 3 de janeiro de 2009

SENDO ‘GAY’, LONGE DA AUSTRÁLIA


“Meus lábios são imbeijáveis?
Meus olhos são inolháveis?
Meu sexo é infazível?
Eu sou inamável?
Minhas palavras são inaudíveis?
Minhas mãos são intocáveis?
Eu sou indesejável?
Eu sou inamável?”


Como se pode ver, sou também um consumidor de drogas, visto que, por mais que entenda que Darren Hayes é apenas uma construção mercadológica, destinada a fisgar através de fórmulas dançantes os homossexuais que se sentem injustiçados pelo sistema mas que possuem dinheiro destinado ao consumo industrial, não me canso de ouvir este álbum, “The Tension and the Spark”, lançado em 2004.

As canções, geralmente com títulos mono-vocabulares (como “Ego”, “Darkness”, “Boy”, “Popular”, “Hero”, “Light”, “Void” e “Feel”), vão direto ao ponto, registrando as angústias por que todos nós passamos, nós, os tolos que se apaixonam... Por mais que as melodias sejam rápidas, remixadas em excesso, feitas para serem mais dançadas e catartizadas do que precisamente sentidas e mimetizadas, não consigo deixar de me deprimir um pouco sempre que ouço este álbum, principalmente no refrão da faixa 07, “Unlovable”, que, conforme costumo fazer, pode ser livremente traduzido assim:

“Tu me fazes sentir como seu pai nunca tivesse me amado
[Tu nunca me amaste]
Tu me fazes sentir como se o ato do amor fosse vazio
[Eu me sinto tão vazio]
Eu sou inamável?
Minha pele é intocável?
Ou eu faço lembrar uma parte de ti que tu não gostas?”


Todos sabem em quem penso quando ouço esta canção, todos sabem para quem destino este texto, todos sabem que tipo baixo de chantagem emocional eu posso estar fazendo agora, mas sou um ser humano e, na pior das hipóteses, eu possuo o que o Darren Hayes, famoso por ser um dos pioneiros a contraírem matrimônio homoerótico na Austrália, fala na décima segunda faixa deste álbum, senso de humor. Eis o que me mantém vivo, para além de ser inamável ou não!

“Is my heart unbreakable?
Do I remind you of a part of you that you despise?
(…)
You abandoned me”!


Wesley PC>

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