sábado, 3 de janeiro de 2009

CARTA ABERTA A MEU AMIGO CHARLISSON:


Prezado vizinho, como vai?

Conforme anunciado por mensagem de celular, acabei de ver “Imagine: John Lennon” (1988, de Andrew Solt), um documentário clássico, seja para quem é fã de The Beatles, seja para quem deseja apenas conhecer e entender o que foi este fenômeno e porque o artista do título não somente sobreviveu ao fim da banda como, de uma maneira ou de outra, pairou acima dela, demonstrando uma genialidade surpreendente.

Eu disse que tinha acabado de ver o filme, mas não é bem verdade. Precisei dormir um pouco, tamanha a quantidade de informações que o filme me trouxe e, confesso, porque tinha conversado um pouco com o “Perfeito” no MSN (risos). Oh, vizinho, às vezes a paz de espírito nos dá esta sensação de sonolência, não é mesmo? Por isso é que devem dizer que morrer é uma experiência bastante tranqüilizadora. Dormi, portanto, vizinho. Dormi, acordei e vim cá escrever para ti, te agradecer pela influência, pela motivação em ver este filme, que começava a ser exibido num canal pago, no exato momento em que eu me sentava para almoçar (às 4 horas da tarde – risos).

Difícil escolher do que gostei mais no documentário, mas arriscarei aqui um palpite: fiquei absolutamente comovido diante de todas as demonstrações de amor direcionadas à esquisita Yoko Ono que, perdoem-me os mais ortodoxos, parece ter causado muito bem na vida do ex-Beatle. Se um dia eu conseguir que alguém fique próximo de mim tanto tempo, juro que me comportarei com a mesma obsessão, com o mesmo vigor, com a mesma intensidade, com a mesma paixão ilimitada. Lindo demais o que ele sentia por ela...

É justamente por eu ter ficado tão impressionado com o afeto sem precedentes de John Lennon por sua amada nipônica, caro vizinho, que eu gostei tanto dos videoclipes da carreira solitária do cantor e compositor, graças à explosão de ternura em “Beautiful Boy”, à nostalgia contida em sua regravação de “Stand By Me”, ao sexo quase explícito de “Woman” e à simplicidade gritante da faixa-título, a inigualável “Imagine”.

Aliás, vizinho, enquanto escrevo aqui esta carta aberta, creio que é o momento ideal para ligar as caixas de som de meu computador e ouvir o álbum que tu me recomendaste certa madrugada em Gomorra, no qual contém a militante “Woman is the Nigger of the World”. Por falar em preconceitos embutidos, acho que é hora de falar de outros grandes momentos do documentário, como as entrevistas de The Beatles quando jovem, em que percebemos o humor moleque do Ringo Starr e a ironia sempre firme do personagem-título do filme. O impacto da declaração sobre a fama superior à de Jesus Cristo e o comentário de Paul McCartney sobre o uso de LSD são muito legais, bem como a explicação de John Lennon sobre a canção “Lucy in the Sky With Diamonds” com base em imagens daquele filme que te dei, “Submarino Amarelo” (1968, de Charles Dunning). Quando aquele fundamentalista da Ku Klux Klan aparece dizendo que, por motivos religiosos, ia causar tumulto no concerto do artista na cidade de Memphis, Tennessee, eu não acreditei. Somente uma sociedade tão doente quanto a norte-americana poderia criar algo tão doentio quanto isto!

Seguindo em frente na enumeração dos momentos inigualáveis deste documentário, seguem: a visita ofensiva de um cartunista canadense ao local onde o polêmico casal John & Yoko vivia; as gravações turbulentas de canções como “Oh, Yoko!” e “Give Peace a Chance”; as diversas imagens inéditas de ‘shows’ históricos de The Beatles em estádios de futebol, em que eles reclamam que a gritaria dos fãs impede de ouvir as músicas, fato este que fez com que eles cancelassem as futuras turnês; as imagens de “Let it Be” sendo executada no alto do prédio da gravadora, enquanto as pessoas olham absortas na rua; os inúmeros momentos em que Yoko Ono é chamada de “feia” pela imprensa; e, claro, as reveladoras entrevistas com a Yoko Ono envelhecida, com a primeira esposa de John Lennon, Cynthia, e com seus filhos Julian e Sean, este último uma gracinha, aliás (risos).

Ah, vizinho, esta carta já está muito grande! Por isso, acho melhor a gente terminar esta conversa inebriada pessoalmente. Por que tu não pedes para o Anderson Luís baixar o filme. Eu posso até gravá-lo, mas depois vai começar um dilema: onde é que a gente vai arranjar um videocassete para assisti-lo? (risos) Muito bacana mesmo o que vi, vizinho. Estou contente!

Wesley PC>

PS: evidentemente, não podia encontrar outra imagem que ilustrasse melhor toda a minha paixão espectatorial nesse texto do que a revolucionária capa “tímida” do álbum “Two Virgins” (1968). Caralho, velho! Preciso ouvi-lo. Leva em Gomorra qualquer dia, vai...

PS do PS: Charlão, gosto de tu pra cacete (sem conotação sexual na frase, fazendo favor!)! Corrige aí os erros históricos do texto, pois ainda não sou tão bom quanto tu na arte de registrar fofocas (risos)...

Um comentário:

Unknown disse...

Você está com um bom talento pra fofocas artísticas rsrsrsrrss
Fico bastante contente ver um amigo que gosto muito falar de um artista eu amo muito.
Eu tinha este album e perdi quando o pc quebrou "num dá raiva?", mas vou baixar outra vez.
Obrigado, muito obrigado mesmo!!!!

Vou pedir pra Nino baixar o filme e quem sabe assistiremos na Gomorra.