sábado, 3 de janeiro de 2009

A VERDADEIRA PSICOATIVIDADE


Na última quinta-feira, após a “panicosa” sessão do Cine-Gomorra, comecei a conversar com Diego, o aluno de Engenharia de Alimentos que, por ora, está hospedado na casa cujas paredes célebres estão a um passo de serem apagadas. Entre diversos assuntos (gostei bastante de seu esoterismo), ele nos falou sobre suas experiências com “psicoativos”, aquilo que os humanos tementes ao Deus clerical e ao Estado chamam de drogas. Segundo ele, o grande problema de todas as substâncias que ele e meus amigos de Gomorra tanto apreciam é a banalização, visto que, não raro, os psicoativos são utilizados como compensatórios para uma vida de frustrações e/ou aprisionamentos institucionais.

Como todos sabem, eu não me nutro destes psicoativos. Não vejo nenhum mérito em minha recusa, mas percebo que é uma decisão incomum, nem sempre compreendida, mas respeitada por quem me conhece a fundo e gosta de mim mesmo assim. Por este motivo, enxergo de forma diferenciada os excessos de outrem, como, por exemplo, a última bebedeira de Cíntia Elizabeth, com efeitos catastróficos. Segundo Bruno/Danilo – e eu concordo! –, as pessoas embriagadas não “inventam” atitudes ou posicionamentos ideológicos. Geralmente, elas põem para fora o que estão sublimadas em seus peitos demagógicos, de maneira que é bastante falacioso alguém dizer que só fez alguma coisa “porque estava bêbado”. Sendo assim, fiquei pensando no porquê de Cíntia Elizabeth ficar gritando a palavra “viado” com tanto ódio repetitivo quando estava ébria. Por quê? Por quê? Estou esperando a oportunidade de conversar com ela para saber...

Enquanto a oportunidade não chega, penso no filme “Os Infiltrados” (2006), um dos menos inspirados do violento gênio norte-americano Martin Scorsese, que, mesmo sendo uma regravação deveras inferior de um clássico recente de Hong Kong, oferece-nos uma das melhores composições personalísticas deste drama que é “viver sob uma máscara ‘underground’”, na extraordinária interpretação do subestimado Leonardo DiCaprio. Não gosto tanto do filme, mas o que este personagem sofre tem tudo a ver com estas pessoas que mentem, que fingem ser mais “descoladas” do que são apenas para serem aceitas em dados grupos...

Ontem à noite, no calçadão da 13 de Julho, onde eu passeava com amigos que fumavam, bebiam e tiravam fotos, encontrei com uma garota que, mal se aproximou de nós, disse que fora “batizada” no Ano Novo, visto que havia cheirado 6 carreiras de cocaína. Oferecemos vinho a ela e, chistosamente, eu sugeri que ela bebesse seis goles, o que ela prontamente fez, olhando-nos nos olhos, esperando quiçá uma aprovação. Mal terminou de beber o vinho, ela acendeu um cigarro, dizendo que não costuma ingerir nicotina (“geralmente, eu só fumo machona, mas hoje senti uma necessidade compulsiva de comprar uma carteira de cigarros! Tem mais duas ali. Vocês querem?”). Sorrimos, e eu a convidei para a próxima sessão de cinema em Gomorra, quando pretendemos ver um clássico de Glauber Rocha. Espero que não dê a impressão que estou julgando-a, mas, como diria o atormentado personagem shakespeareano Hamlet, ele próprio um fingidor, “existe muito mais entre o céu e a terra do que julga a nossa vã filosofia”...

Wesley PC>

2 comentários:

danilo disse...

Espero que a guria apareça.
É sempre bom pessoas novas o/

x - x - x - x

E seguindo a linha dos extremos: ou as drogas são para divertir ou para a conciente auto-destruição. O meio termo é um problema.

x - x - x - x

E da mesma forma que não mérito em não usar, també não há em fazer uso. E para mim é estraño alguém não compreender o não uso.

feop

Pseudokane3 disse...

Bruno/Danilo, EU TE AMO! (Ponto)

wpc>