quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

A CERIMÔNIA DE ANO NOVO E A CLIVAGEM SOCIAL


O desconforto faz a gente crescer: cada vez mais eu acredito nisto!

Saí de casa às 22h30’, em direção à praia de Atalaia. Uma hora depois, eu ainda estava no Terminal Rodoviário, esperando um ônibus. Meu irmão já bêbado, que estava comigo, saiu do Terminal e me deixou sozinho. Subi num ônibus empanturrado de gente, fiquei pendurado na porta, seguro apenas pelos corpos emaranhados de outrem. Dentro do ônibus, gritos, xingamentos, ofensas e reclamações de todos os tipos, sem contar as piadas escatológicas com peidos, homossexuais, estupro da filha do motorista e coisas do gênero. Como haviam muitas pessoas penduradas na porta, o motorista resolveu não abrir a porta para as pessoas que queriam descer. Resultado: confusão, muita confusão e mais xingamentos, ofensas e ameaças de estupro á filha imaginária do motorista. O que importa é que eu consegui chegar à praia!

Desci do ônibus às 23h52’ (como o ônibus não parou para ninguém, a viagem foi rápida!). Andei pela praia, procurando meus amigos de Gomorra e olhava o desperdício dos fogos de artifício. Como fiquei chateado com aquela imbecilidade pirotécnica, com todas aquelas pessoas se abraçando e gritando como se tudo o que passaram pela manhã tivesse sido esquecido em virtude das promessas de um novo ano, quando, na verdade, esta mudança de ano, nada mais passa da invenção de alguém, dado que o calendário gregoriano, que seguimos, é uma invenção humana, demasiado humana. Desdenhei de todas estas crendices e segui em frente, procurando meus amigos, enquanto lembrava que, na TV, a última reportagem a que assisti era sobre pessoas que não recebiam salários há mais de 3 meses, em virtude da falência de uma dada empresa. Não duvido nada para que os empresários falidos que comandavam a referida empresa estivessem lá, se divertindo na festa.

Às 0h14’, encontrei meus amigos, Abracei-os (porque os amo, não somente porque era um dia de festa) e não precisei repetir a frase “feliz ano novo” para ninguém (salvo duas ou três pessoas, ao telefone). Abracei-os mais e mais, dancei, rebolei, fiz a festa que sempre fazemos. Analisamos o concerto ruim de Alexandre Pires que estava rolando... Que cara infiel (risos)! Se numa canção ele diz que o amor está deixando-o louco, na seguinte ele diz que não atura mais a mesma suposta pessoa, até que volta a choramingar pela mulher amada. Que tolo, que idiota (risos).

Mas continuei a me divertir com os amigos... Diverti-me bastante. Fiquei feliz em encontrar Anderson Luís (de quem gosto muito), amei receber a atenção de Juliana, Luiz Ferreira Neto, Lucas, Charlisson e muitos outros, contentei-me em ver as canções do Alexandre Pires tocando o coração e o cotovelo de Marcelino, vi inúmeros garotos bonitos mijando na praia, mas percebi que todo pênis é insosso para quem está apaixonado (ooooh!), fiquei triste quando Aline Aguiar cortou o pé num vidro quebrado jogado na areia, investiguei toda a comida sem mastigar que estava contida no vômito de Nino, sorri com o escândalo etílico de Cíntia Elisabeth no Terminal Rodoviário e admirei a sensatez de Bruno/Danilo em carregá-la para casa.

Mas o melhor momento da noite aconteceu às 3h25’, quando eu e João Paulo gritávamos em alto e bom som o refrão de uma canção do Natiruts que estava sendo executada pela desenxabida banda Cartel de Bali: “estou feliz agora”!.

Sim, estávamos felizes naquele momento e continuo feliz agora, ás 7h33’, quando consegui chegar em casa, depois de mais ônibus cheios e quebrados (o segundo que peguei quebrou duas vezes!). Foi uma madrugada de que não esperava muita coisa, mas, quando estamos cercados por bons amigos, tudo se torna maravilhoso...

Amo Gomorra – não me canso de dizer.
E, sim, estou muito feliz agora!
(creio não ser o único)

Wesley PC>

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