domingo, 28 de dezembro de 2008

RECAÍDAS, PSICODELIA E TUDO O QUE ESTIVER NO MEIO…


É quase 1 hora da manhã enquanto escrevo esse texto. Daqui a 4 horas, meu irmão mais novo precisa estar acordado para trabalhar (é garçom num restaurante de hotel), mas está aprisionado numa sessão de consumo de ‘crack’ há mais de 4 horas. Repito: há mais de quatro horas que ele está enfurnado no mesmo cômodo, repetindo o mesmo movimento e estertores, tendo empenhado o seu celular para obter a sensação que o embriaga agora. Será válido? Terei eu razão em estar aqui quase condenando-o? Não devia eu cuidar da minha vida e deixar que ele faça o que quiser? Lamento responder, mas... Não! Desde que eu era uma criança pérfida e muito safada que enfrento problemas em minha casa por causa de drogas (não estou falando aqui de “amplificadores do músculo cerebral”, mas de drogas mesmo!) e, sinceramente, canso-me cada vez mais desta situação, fico triste, aliás, por mais que os companheiros de Gomorra me mostrem diuturnamente, graças à ajuda de Arnaldo Baptista e companhia, novas formas de encarar um problema que, de outras formas, sequer seria um problema... Mas chegou a Indústria e esculhambou tudo. Merda!

Eu, por meu lado, que estou cá a expor este problema como se fosse um privilegiado, aprisiono-me aos poucos nesta droga chamada MSN, que nunca gostei, que não me causa prazer, apenas porque assim me iludo que posso conversar com uma pessoa que, na vida real, não suporta meus “agarra-agarras” e está a ponto de me dar um ultimato fatal, proibindo-me quiçá de falar com ele... É sempre assim: temos problemas, como todo e qualquer ser humano bem-aventurado, e, frente às dificuldades, recorremos às “soluções fáceis”, que, em minha opinião, são as verdadeiras drogas, sejam elas psicodélicas ou não! Se eu estou com o MSN ligado, aguardando que o moço que escreve seu nome em aumentativo se manifeste por me crer com problemas, por achar que me sinto solitário, meu irmão caçula afoga-se naquele opiáceo manufaturado por traficantes mal-intencionados porque foi participante de uma violenta briga em minha residência, quando quebrou o guarda-roupa e o ventilador de sua esposa, que foi expulsa de casa e que planeja denunciá-lo à polícia na segunda-feira, o que, com certeza, causará novos danos à minha já calejada família... Ai, Deus, é o preço que se paga!

Curtamos, portanto, todos os psicotrópicos efeitos que manifestarem diante de nós, pelo menos isso ainda podemos fazer, seja através do vinho leprechauniano, seja através da masturbação regular sugerida por uma vítima recente do Ataque Soviético no Orkut, seja através dos consolos cibernéticos, seja através da saudade dos amigos que, neste momento, ainda estão em Bahia... Curtamos, pois, agora, o que eu mais quero é viver! E, “para viver, é preciso que se espere alguma coisa. Nada esperar é viver?” (“A Mãe”, livro de Máximo Gorki, página 205 da Edição de Ouro).

Wesley PC>

3 comentários:

Elaine Crespo disse...

Meu amigo Wesley!

Não esqueça que te amo!!
Fica com Deus e na pAZ!!

Beijos
Elaine

danilo disse...

Que tio niezsche esteja com você!!!

E acredi sim que uma pessoa pode cuidar de outra. E nã há nada que determine pontualmente quem pode cuidar de quem ou em que mmento. É a relação que temos com a pessoa que nos permite agir assim.

E lembrando uma pouco da Gomorra, nem toda liberdade é libertária.

[Kleber] disse...

Se a saída é viver...então viver será a ordem do dia!