sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Bem-vindos à cidade da alegria



Entre votos de sucesso e palavras de apoio de nossos queridos amigos, como: "Eles voltam na primeira curva", "Eles nunca aguentarão", dentre outros incentivos, eu e Coelho partimos de bicicleta numa jornada de Aracaju para a nomenclaturada acima "Cidade da Alegria", a viagem programada para as 9:00h da terça-feira dia 23 de Dezembro, sofreu um inesperado atraso na saída, sendo iniciada apenas
ás 12:00, o que resultou no baixo rendimento do primeiro dia.

Primeiro dia:

Logo no percurso incial, sob o sol escaldante do começo da tarde do dia 23, enfrentamos as já previstas malignas ladeiras de São Cristóvão, além disso, a bicicleta que tranportava-me entortou a "catraca", o que me fez realmente imaginar que iríamos ter que abandonar o projeto já no primeiro quilômetro, já podia ver as risadas zombatórias dos desincentivadores da nossa aventura, porém fui agraciado com o talento armenguista constatado do companheiro Coelho que com uma pedra ajeitou o objeto defeituoso, voltamos a viagem, descobri que não era tão simples como imaginava subir todas as ladeiras utilizando apenas as regulagens das marchas, hora ou outra a força motriz da bicicleta deixava de ser as pernas, tinha de empurrar até o fim da ladeira, passado alguns quilômetros rotineiros entre ladeiras chegamos no centro da cidade de São Cristóvão, Coelho estava pálido, estávamos demasiadamente famintos, porém preferi, contrariando Coelho, procurar um lugar para banharmos antes de comer, foi nos ensinado um caminho que daria em um bica, Coelho dizia que não conseguia mais pedalar, estava fraco demais, passei no banco, tirei algum dinheiro e fomos em um bar que servia comida, poucas vezes havia comido com tanta fome, Coelho ria enquanto almoçava, a última vez que tinha comido assim foi no Mosqueiro segundo
ele, foi fantástico, tudo até ali valia a pena durante a refeição, demoramos alguns minutos de proto-digestão, analisamos o mapa e seguimos.
A segunda parte da pedalada do segundo dia já era mais tranquila, já se tornara cotidiana as pedaladas, saímos de São Cristóvão e algumas pedaladas depois tivemos nossa primeira grande surpresa positiva, a BR-101, a estrada que tanto nos preocupava tinha um acostamento largo, além de está em excelente estado de conservação, talvez a melhor pista que pegamos em toda viagem, seguimos a BR-101 e chegamos em Itaporanga, estávamos relativamente felizes, as cidades do mapa realmente existiam, já ficava tarde e fomos perguntar se a cidade disponibilizava a alguma área de camping, foi-nos informado que para acampar somente na praia da Caueira, que pedalaríamos 1 hora para chegarmos lá, discutimos e resolvemos ir, porém paramos na fábrica de biscoitos Mabel, Coelho contara que a sua mãe, que soube da viagem através de um bilhete deixado na portaria do prédio, comprava biscoitos em uma fábrica por um preço baratíssimo, paramos na Mabel compramos um pacote de biscoito de rosca que não era tão barato quanto pensávamos, ao sair contamos a nossa história aos simpáticos seguranças que nois aconselhou pedalar mais um pouco e pedir abrigo em um posto de gasolina onde os caminhoneiros passavam a noite e além disso não desviaríamos o nosso trajeto, foi o que fizemos, fomos pedalando até o posto e Coelho pediu ao gerente para acamparmos no local, montamos a barraca, tomamos banho por 2 reais e enquanto comíamos pão com quitute conhecemos um "caba", expressão que o rapaz repetia freneticamente, ele era do Rio Grande do Norte e seguia de carona para Feira de Santana, saiu de casa pois tinha brigado com a mulher porque ela teria lhe exigido os 70 reais que ele lhe dava todo mês para mantê-lo no seu apartamento, ele dizia que s estava ainda com ela porque segundo ele, ela era "safadinha na cama", Coelho lhe ofereceu um pão e ficamos ouvindo suas histórias por um bom tempo até que Coelho o falou que ia dormir, ele se despediu e saiu, Coelho constatou que ele parecia com o cearense "Falcão", entramos na barraca, e pouco depois o "Falcão" do Rio Grande do Norte voltou e deitou atrás da nossa barraca no chão para dormir, parece que o dono da Borracharia não deixara ele dormir lá, fazia calor, muito calor dentro da barraca, som de caminhão a toda hora, eu dormia apesar de toda hora assustar-me, Coelho não conseguia dormir, saiu da barraca, tirou algumas fotos minha dormindo, até que conseguiu dormir.

Segundo dia:

Às 4:00 da manhã o celular despertou, acordamos, encontramos denovo o rapaz potiguar, nos falou algumas palavras de incentivo e foi tentar seguir a sua viagem com os caminhoneiros, desarmamos a barraca e seguimos, percebemos o quanto era bom pedalar aquela hora, Coelho tirava algumas fotos do sol nascendo e pedalávamos, e como pedalávamos, quando achávamos que tudo corria bem a bicicleta de Coelho quebra, não tínhamos chegado nem a Estância ainda, tivemos que andar até um povoado e esperar a bicicleta de Coelho ser consertada, enquanto isso eu esperava Coelho seguir até Estância com o meu veículo para encontrar um banco e pagar o conserto, enquanto isso eu conversava com o garoto da "bicicletaria", garoto mesmo, não passava dos 12 anos o profissional, o seu ajudante de provavelmente uns 18 quase não trabalhava, aproveitei também para ligar para Wesley e dar o primeiro sinal de vida dos aventureiros, Coelho chega acerta os detahles finais e partimos, decidimos então só parar em Indiaroba, pedalamos e chegamos então na famosa Linha Verde, nesse momento só esperávamos Leno passar, este fazia também o Trajeto Aracaju-Salvador, mais a bordo de um bonito ônibus da empresa de transporte Bomfim, e pela hora que saíra a qualquer momento passaria pela gente, subimos uma ladeira gigantesca caminhando para continuar na Linha Verde, pedalamos por mais algum tempo e chegamos em Indiaroba, Coelho comprava meia dúzia de bananas gigantes enquanto perguntávamos a quantos quilômetros se localizava o Conde, primeira cidade da Bahia onde pararíamos, aí começava o mar de diferentes informações acerca da distância da tal cidade, comemos banana e aproveitamos para informar a Wesley que estávamos a pouco da divisa com a Bahia, voltamos ao trajeto e em pouco tempo de pedalada Coelho avista um rapaz com uma prancha na mão do outro lado da rua, achando está perto do mar, Coelho chama o rapaz, aí conhecemos a maior figura da viagem, o rapaz com gírias de surfista e animadíssimo falava que não estávamos tão perto do mar, faláva-nos das praias que passaríamos, e que ele era um grande surfista, que qualquer Domingo as 10:00 veríamos ele no Esporte Espetacular, segundo ele o "cara' de "Itacaré" que seria o melhor surfista do Brasil, brinquei dizendo que apareceríamos no Esporte Espetacular no mesmo dia, Coelho alegrou-se com o novo amigo e apartir daí pedalava feliz e entusiasmado.
Chegamos então na tal divisa, uma parte estava feita, eu dizia a Coelho que já podíamos dizer que fomos até a Bahia de bike, mas não era o suficiente, o nosso destino neste momento estava 191 quilômetros, a partir daí a quilometragem da estrada era a mesma da distância pra Salvador, era tudo uma contagem regressiva, porém o nosso destino do dia era o Conde, pedalamos demais, subíamos e descíamos ladeiras, sempre com uma frustrada esperança de atrás da próxima está a tal cidade, eu não aguentava mais, não conseguia mais subir qualquer ladeira, até tentar me convencer que sempre depois de uma subida ter uma bela descida, funcionou nas três primeiras, após passarmos o resto da tarde toda pedalando encontramos um ciclista que nos informou que a cidade estava à uns 10 km de distância, pedalamos isso, ou até mais, ja escuro paramos num posto policial e perguntamos a polícia que nos informou que estávamos a 11 km do local, como podia aquilo, andamos para trás?, e fomos, não tínha outro jeito, utilizando o celular-lanterna como sinalizador, chegamos na cidade as 19:00, eu estava acabado, foi nos indicado uma pousada para passarmos a noite, não conseguiríamos chegar á praia, além do mais, Coelho jurava que um rapaz de camisa amarela perseguía-nos, não tinha outro jeito então, tiramos algum dinheiro no banco para bancar a nossa noite, o rapaz da pousada era de Aracaju, preparou para nós um café, ligamos para Wesley novamente e contamos a novidade, ficaram surpresos com a mordomia que estávamos passando , não imaginavam tudo que havíamos passado naquela dia, minha mãe ligou e tive que inventar uma história qualquer, disse que estava em casa e passaria o Natal sozinho, gatos dormiam na sacola de Coelho, rimos, Coelhos desejou-me Feliz Natal e fomos dormir, a cama era macia, era tudo diferente da noite anterior, dormimos.

Terceiro dia

A noite anterior tinha passado rápido, dormimos bem, despedimo-nos do rapaz e voltamos à 4:30 para estrada, saímos do Conde e retornamos à Linha Verde, estávamos esperando que nada acontecesse para atrapalhar a viagem, não poderíamos mais nos atrasar, porém não tínhamos idéia onde pararíamos para almoçar, todas as cidades no mapa eram distante demais, porém pisamos fundo, e fomos, pedalando, pedalando, às 10 da manhã chegamos na entrada de Baixios, descobrimos a contramão que seria se seguíssemos até a praia e ficamos parados ao lado de um bar, comemos sardinha enlatada e Coelho comprou um gostoso geladinho de amendoim, sentados no chão descansamos um pouco e seguimos até Subaúma, segundo o mapa poderíamos entrar nessa cidade pois de lá haveria estrada até o Porto do Sauípe, local que planejávamos dormir no dia, a entrada informava que seria 7,5 km para a cidade, entramos num local repleto de ladeiras, chegando perto do local reparei que para Coelho todas as cidades se pareciam com o Mosqueiro, seguimos um pouco e avistamos a nosssa primeira praia, ainda no clima de alegria que nos contagiava chegou a deceoção, um moço que segundo Coelho era a cara do seu irmão nos informou que não havia estrada no local, e que teríamos que retornar a Linha Verde para continuar a viagem, somados tínhamos perdido 15 km, seguimos até a praia, tomei banho de mar, Coelho não, pois ficaria assado segundo ele, almoçamos um grande prato de comida em um barzinho da praia que aceitava o cartão de Coelho, descansamos e decidimos tentar ir pela praia, desistimos rapidamente pois percebemos que areia não aguentava o peso da bicicleta, no caminho de retorno tivemos uma idéi fundamental pra o aumento do nossoso ritmo, trocamos a bicicleta, a partir daí eu conseguia subir todas as ladeiras, aumentamos muito o ritmo e seguimos, no caminho do Porto do Sauípe encontramos um pé de caju carregadíssimo, enchemos um saco e levamos conosco, entramos no Porto do Sauípe e seguimos até a praia, montamos a barraca na praia, observávamos o céu, as estrelas estavam especialmente magníficas, viajamos um pouco nelas, comemos quitute com caju e fomos dormir.

Último dia

Acordamos um pouco mais tarde na Sexta Feira, às 5:00, desmontamos a barraca, chupamos mais alguns cajus e seguimos, mais adiante percebemos que perdemos o marcador de quilometragem de Coelho, seguimos, havíamos dito que pararíamos na Praia do Forte, Coelho estava com fome então paramos logo em Imbassahy em um posto de gasolina, comemos biscoito com catchup e seguimos prometendo que só pararíamos agora em Arembepe que ainda estava a cerca de 40 km, segundo o rapaz do posto que achava que fazíamos a viagem apenas para passar o reveillon em Salvador, estávamos sem saco de explicar e seguimos, aumentamos o ritmo significalmente, além do mais as ladeiras diminuíram e ao meio-dia chegamos na taõ esperada Arembepe, logo de cara fomos seguindo a indicação de uma placa psicodélica indicando uma tal aldeia, acreditávamos que era a tal aldeia hippie, ao chegar descobrimos prontamente que não era, mais tarde descobrimos que o local era um condomínio gay da região, seguimos adiante, prendemos a bicicleta e subimos até a aldeia hippie, Coelho avistou uma menina que jurava ter visto na UFS, mais tarde descobrimos que a menina estava em São João Del Rey no Encontro de História, que ela tinha uma filha e que estava na mesma sala da menina que coelho havia se envolvido, a tal menina nos deu água e nos ensinou a história da região, Coelho fez perguntas bobas e ela falou que depois da visita da Janis Joplin e do Mick Jagger o local havia crescido mais que até hoje eles não contavam com luz elétrica nem água encanada, tomamos banho de mar e voltamos, agora mais do que nunca de contagem regressiva a Salvador, seguimos num bom ritmo até o pedal dea bicicleta de Coelho sob o meu domínio começar a soltar a todo momento, mas seguimos, seguimos e enfim chegamos a Salvador, porém a viagem estava longe de acabar, pouco depois da entrada de Salvador nós estávamos acabados, o pneu da bicicleta de Coelho havia furado, estávamos sem força até prara consertá-lo, fomos a pé da entrada de Salvador até a minha casa, os ônibus passavam rente a nbós em um avenida movimentada de Salvador, em certa ocasião por pouco eu não era atropelado, logo depois Coelho passou pela mesma situação, chegamos no portão de casa, minha mãe olhava sem nada entender o que estava acontecendo, nós estávamos arrepiados pela chegada, minha mãe parada olháva-nos, até que falou, "onde vocês pegaram essa bicicleta?", explicamos a história do prtão, ela relutava em acreditar, até que pela nossas súplicas ela abriu o potão, a viagem havia terminado.



Rafael Maurício

5 comentários:

Gomorra disse...

Acho que houve um erro. A primeira cidade que vocês passam depois de SC é Itaporanga.

Mas isso é só um detalhe para os neo-beatnick tupiniquins =D

parabéns pela viagem o/

Ah. Acho que os "incentivos" eram mais preocupação que falta de confiança na determinação de vocês.

Abraços,
feop

Gomorra disse...

Ah, dei um título ao relato porque fiquei confuso achando que era parte do post sobre Os Novos Baianos.

E pow, a comparação aos beatnick ficou ainda mais precisa quando revi o texto sem parágrafos e de tirar o ar.

feop

Gomorra disse...

É ja corrigi
realmente eu postei depois do seu
mas ficou antes

Pseudokane3 disse...

Muito minuciosa a decsrição... Esta coisa da falta de memória de Maurício é uma falácia, não vivo dizendo? (risos)

pago o que for por estas fotos de menino que dorme (risos), tomara que Coelho tenha sido esperto e eternizado também os banhos de mar de que ele não participou e os banhos pagos de posto de gasolina (hehehehe)

Puxa, quanta gente peculiar na estrada (risos) - vou ter que assistir ao Esporte Espetacular agora (risos)

E, caramba, esta placa da pousada 'gay' psicodélica foi foda (hehehehe)

Muito legal ver meu nome como intermediário nas notícias (risos). Noticiei toda a evolução da viagem nos Plantões aqui do blogue (risos)

E, ooooooooooooooooh, eu tocir por vocês desde o primeiro segundo... E Marcos quase chorou de emoção quando vocês chegaram...

Ooooooooh!

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Pseudokane3 disse...

PS: o modo como o texto foi escrito, parágrafos longos e muito decsritivos, remete diretamente ao ON THE ROAD. É incrível. Rafael Maurício é um 'beatnik' nato... De fato, Jack Kerouac se corrói de inveja (risos)

Pena que ele suprimiu as menções ao que foi "queimado" na praia(hehehehe)

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