segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

O TEMPO QUE EU PASSEI... OU O TEMPO QUE ME PASSOU?


Tanto faz! O que importa é que, ao rever “O Cozinheiro, o Ladrão, Sua Mulher e o Amante” (1989, de Peter Greenaway, 13 anos depois da última vez em que fiz isso, senti o mesmo prazer, a mesma satisfação, a mesma confiança estética que tenho em mim mesmo!

Confesso: o prazer (na acepção mais fisiológica do termo) talvez não tenha sido igual, pois fiquei preocupado que meus companheiros de sessão não estivessem tão envolvidos na contemplação pernóstica do cineasta inglês quanto eu e, em dado momento, tivemos que interromper a sessão por alguns minutos para receber nossos companheiros recém-chegados de uma viagem a Alagoas, mas, fora isso, me senti confiante diante daquele filme, que tantas e tantas vezes me protegeu do desespero quando eu ainda era um adolescente chato, elitista e incompreendido, aos 15 anos de idade...

Para quem ainda não conhece o filme, uma recomendação sinóptica: “O Cozinheiro, o Ladrão, Sua Mulher e o Amante” é bem literal em seu título. Fala sobre os conchavos forçados que um cozinheiro francês precisa fazer com um mafioso que comercializa carne, mal-educado e casado com a oprimida Georgina, que se apaixona por um literato que volta e meia janta no restaurante em que o cozinheiro supracitado trabalha. É basicamente isso, no que se refere à trama. De resto, é só acrescentar a música neo-erudita de Michael Nyman, muita gente nua, obras de arte holandesas, uma crítica aos costumes afrancesados à mesa, banheiros masculinos e femininos, roupas que são trocadas quando se passa de um cômodo a outro, cocô de cachorro como punição gastronômica e uma bela vingança antropofágica, numa das cenas mais importantes do cinema na década de 1980. Mesmo sem comer carne, é impossível não sair faminto (e sexualmente excitado) deste filme!

Wesley PC>

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