domingo, 20 de setembro de 2009

“PASSEI TANTO TEMPO DENTRO DO OCEANO QUE, AGORA, QUANDO ESTOU FORA DELE, ELES ESTÃO COLOCANDO NOVAMENTE O OCEANO DENTRO DE MIM”

Esta é, basicamente, a conclusão a que o jovem ambientalista canadense Rob Stewart chega quando sua perna é infectada por estafilococos e ele observa a introdução de solução salina em suas veias. Para falar a verdade, não conhecia o trabalho deste belo ser (em mais de um sentido) até a tarde de hoje, quando assisti a “Sharkwater” (2006), escrito, dirigido, protagonizado, narrado e fotografado por ele. No documentário de longa-metragem, acompanhamos a sua luta para impedir a caçada ilegal de tubarões em lugares como as Ilhas Galápagos e a Costa Rica, onde tais animais são perseguidos e quase extintos em virtude da máfia oriental da barbatana.

Para além de registrar imagens impressionantes do ambiente marinho, desvendar mitos problemáticos sobre a falaciosa periculosidade de alguns tubarões e exibir seu corpo como parte ostensiva de um trabalho de proteção ambiental marinha, Rob Stewart também nos apresenta a um dos fundadores do Greepeace e explica os fundamentos radicais desta organização no que diz respeito à impetuosidade em evitar matanças de seres vivos por humanos gananciosos. Só por isso, já é muito e muito válido!

Várias foram as pessoas queridas que me recomendaram a audiência a este filme, que estava gravado em VHS em minha casa há alguns meses. Porém, depois que vi seu ‘trailer’ ostentar a coleção virtual de vídeos de Orkut de um adorável rapaz vegetariano com quem tive a honra de trocar algumas palavras no ENUDS, resolvi antecipar a apreensão de seu conteúdo. O rapaz recomendou-me cautela, dado que, segundo ele, este tipo de filme sempre o deixa deprimido, o que é fácil de entender o porquê (durante os créditos finais, soubemos que, enquanto assistíamos pacientemente ao filme, milhares de elasmobrânquios eram mortos ao redor do mundo), mas a reação emocional que se abateu sobre mim logo após a sessão não foi necessariamente a depressão, e sim uma revolta potente: em dada cena (real) do filme, os ambientalistas são presos pelas autoridades costarriquenhas logo após terem sido convocadas pelas mesmas para ajudarem a impedir formas ilegais de pesca. Nesse sentido, podemos acompanhar o quanto as chamadas Leis são oportunamente comandadas e modificadas pelos detentores do poder monetário. Absurdo!

Pode não ser um filme extraordinário no plano estético-inovador, mas em sua urgência, ele merece nossa recomendação clemente: busquem “Sharkwater” e adiram a mais esta causa – sem contar que o filme faz um interessantíssimo apelo às ações individuais e, neste sentido, a pujança ultra-personalista de Rob Stewart é digna de demorados panegíricos: sou, desde já, seu fã!

Wesley PC>

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