sábado, 26 de setembro de 2009

E, SÓ PARA DILUIR QUALQUER EFEITO NEGATIVO DA POSTAGEM ANTERIOR, UMA TRIVIALIDADE IDEOLÓGICA (PORQUE SÃO ELAS QUE FAZEM O MUNDO GIRAR)

Na semana passada, eu e alguns amigos vimos “A Pequena Sereia” (1989, de John Musker & Ron Clements), por sugestão minha, que havia detestado o filme, da primeira vez que entrei em contato com ele. Insisti em fazê-lo porque queria comparar com outro filme sobre tema aparente semelhante e porque os desenhos animados da Disney são ferramentas mui precisas para se analisar a decadência (ou não) das formas narrativas clássicas hollywoodianas. Todos os presentes na sala consentiram, vimos o filme.

Ariel é uma sereia e coleciona coisas dos seres humanos atirados ao mar. Em outras palavras: ela é tão atraída pelo lixo de outras espécies que venera um simples garfo como sendo “a coisa mais linda do mundo”, sendo que seu pai possui um similar e enorme tridente como instrumento acessório de poder. Apaixonada pelo humano que ela salva do afogamento após uma tempestade, ela faz um pacto legislativo com uma bruxa molusca malévola e abdica do que mais tem de relevante em seu corpo (a voz) em favor de um romance. Porém, o rapaz por quem ela se apaixona ficara atraído justamente por sua voz e, muda, ele não a reconhece e não se interessa por ela de imediato. Até que... Até que... Ah, vejam o filme!

O que importa nesta experiência é que constatei que rever este tipo de filme ultra-pernicioso no plano ideológico entre amigos é deveras salutar, no sentido de que, interagindo discursivamente, percebemos intenções subliminares por detrás de todas as boas intenções da trama superficial. Neste sentido, o filme foi acusado de favorecer oportunas sugestões de amor inter-racial e de patrocinar a interação xenofílica, mas... Foi o discurso do siri Sebastião o que mais me convenceu, através da canção “Under the Sea”, vencedora do Oscar naquele ano e assim traduzida na versão dublada do filme:

“O fruto do meu vizinho parece melhor que o meu
O sonho de ir lá em cima, eu creio que é engano seu
Você tem aqui no fundo, conforto até demais
É tão belo o nosso mundo, o que você quer mais?

Onde eu nasci, onde eu cresci
É mais molhado, eu sou vibrado por tudo aqui
Lá se trabalha o dia inteiro, lá são escravos do dinheiro
A vida é boa, eu vivo à toa, onde eu nasci

O peixe vive contente, aqui debaixo do mar

O peixe que vai pra terra não sabe onde vai parar
Às vezes vai pra um aquári, que não é ruim de fato
Mas quando o homem tem fome, o peixe vai para o prato (oh não)

Vou lhe contar:
Aqui no mar, ninguém nos segue nem nos persegue pra nos fritar
Se os peixes querem ver o sol, tome cuidado com o anzol
Até o escuro é mais seguro
Aqui no mar, aqui no mar”

E aí, convence?

Wesley PC>

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