quarta-feira, 23 de setembro de 2009

O PROCESSO DE REDIGNIFICAÇÃO DO ‘POP’ (NO MAU SENTIDO DO TERMO)

No local em que trabalho, as mulheres acima dos 50 anos de idade comprazem-se em possuírem vários automóveis. Uma delas comprou um estonteante veículo na semana passada e, como tal, não pára de fazer alarde, de comemorar sua mais nova (e exibicionista) aquisição. Até que, coitados de nós, ela descobriu uma chula versão em português de “A Thousand Miles” (composta e interpretada por Vanessa Carlton), na qual a assassina da canção original comemora os passeios que fará em seu carro chique. Não preciso dizer o quanto esta horrível versão comercial é executada aqui no DAA, mas, como possuo o disco de estréia da Vanessa Carlton, “Be Not Nobody” (2002), foi com ele que eu me consolei na manhã de hoje. Com todos os problemas e concessões atrelados ao ‘pop’ atual norte-americano, insisto em dizer que o disco da pianista pós-adolescente é muito agradável.

Além da já clássica “A Thousand Miles”, merece destaque no disco a deliciosa regravação de “Paint in Black”, de The Rolling Stones, na voz suave da cantora, e a última faixa “Twilight”, cuja letra fala sobre a impossibilidade de se ver o céu da mesma forma depois que se diz ‘adeus’. A agonia crescente em sua voz, cada vez mais gemebunda à medida que a canção evolui, faz com que compactuemos facilmente com seu estado de espírito, de tal forma que não é nenhuma surpresa se eu confessasse aqui que costumo repetir esta canção várias e várias vezes sempre que escuto o disco...

“I was stained, by a role, in a day not my own
But as you walked into my life you showed what needed to be shown
And I always knew, what was rightI just didn´t know that I might
Peel away and choose to see with such a different sight”

No geral, o disco é bobo como toda menininha apaixonada, mas quem consegue resistir a canções simpaticíssimas como “Pretty Baby”, “Rinse” e “Paradise”? Definitivamente, eu e os espectadores-padrão de televonelas não somos destes!

Wesley PC>

Nenhum comentário: