sexta-feira, 25 de setembro de 2009

“NOTHING GONNA CHANGE MY WORLD”?

Quando “A Vida em Preto e Branco” (1998, de Gary Ross) foi exibido no SBT há alguns anos, vi-o por pura obrigação. Cria eu que, para além dos inspirados efeitos de fotografia e do roteiro simpático e inverossímil, o filme seria pouco mais do que um daqueles confeitos oportunistas costumeiramente lançados em épocas de indicação aos prêmios da Academia de Cinema Norte-Americano. Surpreendi-me: o filme arrancou-me lágrimas sinceras. Por debaixo daquela trama divertida sobre um menino e uma menina que adentravam o mundo conservador de um seriado em preto-e-branco, havia uma crítica severa contra os preconceitos que os “coloridos” sofrem – e, ao final, em meio a uma troca de carícias tripla e madura, somos apresentados a uma encantatória versão de “Across the Universe”, na voz de Fiona Apple, conhecida por ter sido estuprada na tenra juventude. Pouco conhecia de The Beatles nesta época, muito conhecia sobre os preconceitos acromáticos. Revi o filme após alguns meses e as lágrimas quadruplicaram em meus olhos e alma. Sou particularmente atingido pela cena em que a dona-de-casa padrão (magnificamente vivida por Joan Allen) tenta se masturbar pela primeira vez e causa a combustão espontânea de uma árvore. As cores apareceram tardiamente em sua vida, graças à ajuda de alguém que veio de fora. Existem pessoas do “lado de fora”! Hoje, por exemplo, vi o verso que intitula essa postagem catártica acompanhar, à guisa de moldura emtovia, a bela fotografia oblíqua de uma jovem habitante da cidade de Recife e, ao contrário do que ela deixou perceber, sinto, não tão amedrontado quando antes, que quase qualquer coisa pode mudar meu mundo.

“Sounds of laughter, shades of love are ringing through my opened ears, inciting and inviting me.
Limitless undying love, which shines around me like a million suns,
And calls me on and on across the universe”

Quase qualquer coisa pode mudar meu mundo!

Wesley PC>

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