terça-feira, 15 de setembro de 2009

SOCIOLOGIA DO MEDO (OU UM POUCO MENOS)


Li pouca coisa (escrita) do “mestre do terror” Stephen King. Gostei muito da amargura contida em “The Body” (chamado “Conta Comigo” no Brasil) e gosto bastante de “As Crianças do Milharal” (transformado em “Colheita Maldita” no meu País natal). Porém, gosto muito das versões em filme para seus escritos. Por mais que tachem-no de escritor oportunista, não há como se negar que suas matérias-primas de terror engendram belíssimos filmes. Parte da crítica cinematográfica, inclusive, elogia o bom trabalho de adaptação que o diretor Frank Darabont (especialista em roteirizar obras dramáticas do escritor) realizou em “O Nevoeiro” (2007). Vi este filme na noite do último sábado e não gostei tanto quanto os demais exegetas, mas tenho que admitir: que belíssimo final! Que aula póstuma de sociologia!

Não posso revelar aqui os detalhes deste final, mas a primeira imagem que me veio á cabeça foi o suicídio do filósofo Walter Benjamin, que provocou sua própria morte às vésperas da salvação do nazismo. São situações diferentes, mas ambas me fizeram pensar no porquê de algumas pessoas se desesperarem em situações-limite. Vivo me preparando para elas, de maneira que o que me apavora são as situações triviais...

Sobre o que é o filme: logo na primeira cena, acompanhamos o pavor da família de um artista de cidadela, cuja residência é invadida por diversos galhos de árvores caídas durante uma tempestade. Quando ele e seu filho pequeno entram num supermercado para fazerem compras, o nevoeiro do título cerca a cidade, trazendo consigo estranhas e letais criaturas mutantes (insetos gigantes, seres com tentáculos dentados, aranhas assassinas, etc.), que, se são desacreditadas por alguns (que logo morrem, em seu ímpeto de espúrio destemor), são tomadas como o anúncio de pragas apocalípticas por uma demente religiosa, que instaura o pavor no interior do recinto, a tal ponto que um militar é ostensivamente esfaqueado pelo “bem comum”. Como se vê, o ponto de partida do filme é promissor, mas, infelizmente, alguns exageros interpretativos prejudicaram a minha recepção. Como eu gostaria de ler o romance original neste caso...

Lembrei de comentar sobre este bom filme (acima de tudo, um bom e impactante filme) porque a moça que me emprestou o DVD em que ele está contido veio buscá-lo no local em que trabalho agora há pouco. Ela ficou tão empolgada quando eu disse que fiquei chocado com o final que não hesitou em lançar um convidativo “precisamos conversar” antes de ir embora. Fiquei com vergonha de admitir de supetão que não gostei tanto do filme quanto ela, estudante de Ciências Sociais, mas concordo: precisamos conversar! Se alguém mais tiver visto o filme, por favor, manifeste-se.

Wesley PC>

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