sábado, 13 de junho de 2009

EU AINDA NÃO POSSO ESCREVER O NOME DELE (afinal de contas, amor platônico não é exclusividade de ninguém)!


Acabo de ver “Eros” (2004), filme em episódios sobre a aventura de amar (e, quiçá, não ser correspondido).

São três episódios: no primeiro, “O Perigoso Encadeamento das Coisas”, de Michelangelo Antonioni, vemos aquilo a que já nos acostumamos e para o qual nunca estaremos preparados: a dissolução de um casal. Ela diz que acha o lugar lindo, mas que se sente oprimida estando ao lado dele. Este, por sua vez, retruca anteriormente que ela sempre busca a pureza, mas acaba enfiada na merda. Eles se separam. Ela se deita na praia. Uma mulher dança nua. Ambas se encontram. FIM; no segundo, “Equilíbrio”, de Steven Soderbergh, um funcionário de loja de despertadores conta seus sonhos eróticos recorrentes a um psicanalista, que, por sua vez, também deseja realizar suas fantasias. Ao final, o psicanalista e o chefe do funcionário se parecem; mas é o terceiro segmento do filme que me fisgou: “A Mão”, de Wong Kar-Wai.

Em “A Mão”, Chang Chen interpreta um aprendiz de alfaiate que obedece aos mandos de seu velho chefe e vai tirar as medidas das roupas da bela cortesã vivida pela divina Gong Li. Chegando a sua casa, ele precisa esperar alguns minutos, visto que ela está ocupada numa sessão ruidosa de sexo. Ele espera, excitado. Ao se encontrar com a mulher, que percebe sua inexperiência (tanto profissional quanto da vida em si), ela diz que ele não pode se tornar um verdadeiro alfaiate se não souber como tocar numa mulher. Pede que ele se dispa, da cintura para baixo. Ele o faz. Seu pênis está ereto. A câmera soberba de Chistopher Doyle focaliza apenas a parte inferior dos personagens, como fará até o final do segmento. A mulher põe a mão no meio das pernas do aprendiz de alfaiate, alisa as suas nádegas. Ele geme de gozo, ejacula elipticamente e corre. Tornara-se um competente alfaiate, perdidamente apaixonado por aquela mulher, que, como boa prostituta, é perdidamente obcecada por um gigolô, que a explora. Os anos se passam. A cortesã permanece obcecada pelo gigolô bruto e o alfaiate mantém-se completamente apaixonado. Eles se reencontram. Ela na penúria e doente. Ele bem-sucedido, com suas roupas finas em mão. Ela pergunta se ele sentiu raiva pelo modo como se conheceram. Ele ama, basta como resposta. Algumas coisas acontecem e... FIM. Mais uma vez, Wong Kar-wai filma olhando-me diretamente nos olhos. É para mim que ele escreve, é para mim que ele deseja transmitir suas mensagens!

E não sou o único...

E ainda não posso escrever o nome dele!

Wesley PC>

Um comentário:

Silvio Carreiro disse...

Um beijo, um abraço, um aperto de mão. Pra todos dessa Gomorra santa.