segunda-feira, 8 de junho de 2009

ET LA VERITÉ... N’EST PAS HEUREUX!


Na cena acima, uma moça de nome Marceline caminha por uma praça e relembra o dia, num campo de concentração nazista para judeus, em que fora violentada em frente a seu pai. Ele não mais está vivo. Ela está. Vinte anos se passaram e ela faz parte de um filme que se tornaria o marco definitivo do ‘cinema-verité’: “Crônica de um Verão” (1961, de Jean Rouch & Edgar Morín). Acabo de ver o filme. Numa das seqüências finais do mesmo, as pessoas que foram filmadas quando tentavam responder à aparentemente simples questão-chave “tu és feliz?” comentam a “atuação” de Marceline. A grande maioria se considera espantada com a sua autenticidade dramática. Ela, porém, confessa que atuara, que exagerara um pouco na rememoração traumática, dado que sabia que estava sendo filmada e que isto lhe garantiria mais integridade rememorativa. Os diretores percebem que é difícil (ou, quiçá, impossível) captar a realidade sem interferir nela. Mais que um grande filme, uma experiência singular de vida nascia ali! [vide página 395 do guia “1001 Filmes para Ver Antes de Morrer] E, pouco tempo depois, lá estava eu a observar como os modelos australianos de 19 anos se masturbam em frente à câmera...

Wesley PC>

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