segunda-feira, 23 de maio de 2011

“MUITO CONVENIENTE: UM GRANDE REPÓRTER QUE NÃO ENCONTRA UM LÁPIS”...!

Não posso dizer que a sessão do filme “No Silêncio de uma Cidade” (1956, de Fritz Lang), exibido na tarde de hoje, tenha fluído a contento. Não por causa do filme, que é ótimo, mas porque vários emuladores de barulho posicionaram-se próximo à minha televisão enquanto eu tentava ver o filme. Desliguei um celular barulhento, fechei a porta e a janela da sala, mas, mesmo assim, o barulho era altissonante e dificultava o entendimento dos ótimos diálogos do filme, que estava sendo exibido em versão dublada. Porém, desde a primeira cena do mesmo, eu tinha certeza de que ele me tocaria mui pessoalmente... Estive certo!

Oficialmente, a trama do filme detém-se na captura do “assassino do batom”, um jovem que se sente oprimido por sua carinhosa mãe adotiva – que desejava uma menina, apesar do desejo conflitante de seu falecido marido – e, em razão da psicose derivada desta opressão imaginária, estrangula mulheres que vivem sozinhas, escrevendo o seguinte recado na parede: “pergunte à mamãe”. Os assassinatos em série logo viram assunto policial e, antes disso, material jornalístico – e é aí que o filme interessa ao diretor e a mim: quando um magnata da imprensa falece subitamente, o seu herdeiro promove uma competição entre os repórteres da redação, estimulando-os a descobrir a identidade do assassino, visando ao recém-criado cargo de diretor executivo da cadeia de jornais como recompensa. É neste momento que alguns parâmetros éticos vão para as cucuias...

Vendo o filme – e até mesmo antes dele – eu percebia que, não obstante minhas renovadas satisfações diante do curso universitário em que agora me enquadro, Jornalismo, definitivamente eu não possuo vocação para ser repórter! Apesar de ser um fuxiqueiro nato, a concepção de novidade pela novidade que muitos professores e profissionais experientes tentam me empurrar no curso não me convence, não me parece pessoalmente aprazível. Assim sendo, apesar de ter me identificado sobremaneira com os dilemas e situações deste ótimo filme, pude sair da sessão mais tranqüilo acerca de uma sub-definição pessoal no que tange ao meu orgulho enquanto pretenso jornalista em formação, um orgulho que é bem mais nomenclatural do que efetivamente profissional. Gosto desta palavra: jornalista. Tomara que eu chegue lá... (risos)

Quanto à frase que intitula esta postagem e à imagem que lhe serve de moldura, reitero através delas uma conhecida tipologia dos jornalistas enquanto indivíduos sem caráter, que fazem de tudo para conseguir uma boa matéria. Nesse sentido, eu volto a me enquadrar positivamente no adjetivo (risos), de maneira que, um dia, exultarei ao ver a palavra jornalista escrita ao lado do vocábulo recepcionista em minha Carteira de Trabalho... E, por dentro, estou rindo mais uma vez, enquanto confesso isso (risos)!

Wesley PC>

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