domingo, 22 de maio de 2011

COMO SE FOSSE UMA IMAGEM INTERDITA, DE PURO E SIMPLES AFETO:

Apesar de constar no cartaz do filme, esta imagem diz muito mais sobre ele do que se espera que uma metonímia publicitária revele. Será que ajudaria se eu não revelasse o nome do filme e elogiasse o primor deste plano fílmico pelo tanto de afeto que ele demonstra em relação a uma personagem que se dispõe a ser escorraçada por causa de um tique psicológico a que as condições de sua era não deixam evitar? Que era seria esta, eu pergunto. Quando esta personagem arreganha suas pernas, depois de vários minutos de elogios acumulados por sua singeleza, é como se eu me irmanasse a ela por ter utilizado o sinônimo equivocado do ato fecal numa conversa trivial que era beneficiada pelas expectativas familiares de um amor tardio e não-correspondido. Cito Eça de Queiroz a partir de agora:

“O fato é que eu – que sou naturalmente positivo e realista – tinha vindo tiranizado pela imaginação e pelas quimeras. Existe, no fundo de cada um de nós, é certo – tão friamente educados que sejamos – um resto de misticismo; e basta às vezes uma paisagem soturna, o velho muro dum cemitério, um ermo ascético, as emolientes brancuras dum luar, para que este fundo místico suba, se alargue como um nevoeiro, encha a alma, a sensação e a idéia, e fique assim o mais matemático ou mais crítico – tão triste, tão visionário, tão idealista – como um velho monge poeta”.

E, no plano da minha realidade, as cadelas aguardam ansiosas pelo momento em que as tabuas de madeira serão afastadas das portas dos quartos de seus entes queridos. É madrugada, preciso dormir! Mas que não pensem que deixei (ou consigo deixar) de amar, de amar mais, de sofrer por amar...

Wesley PC>

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