sábado, 28 de maio de 2011

“DISFARÇA, ABAIXA... E MAMA/ DEPOIS, DIGA QUE ME AMA!”

Quando eu estava voltando para o balcão no qual atendo aos alunos da Universidade, atravessei uma porta de vidro onde dois funcionários engravatados, com mais ou menos 50 anos de idade, conversavam. Um deles perguntou ao outro, com cara de espanto chistoso: “eu ainda bato, tu não bates mais não?!”, ao que o outro responde: ainda bato sim. Bastante, aliás!”. Não pude ouvir o término da conversa, mas pelo teor das risadinhas deles, dava para adivinhar o assunto, o que é que eles “batiam”... E não pude deixar de imaginar a cena, o que foi muito positivo, lógico!

Quando eu voltava para a minha casa, no mesmo dia, deparei-me com um rapazote bonito diante de um automóvel, com o rádio ligado em volume altíssimo, apesar de estar diante de um templo mórmon em atividade. Pior: o rádio em pauta estava a executar uma canção estilo “quebradeira” cujo refrão é justamente este que intitula esta postagem. Ainda pior: por mais vulgar, depreciativo e chauvinista que a canção se demonstrasse, não pude deixar de excitar-me um pouquinho com ela. Lutar com identificação factual é complicado. Mas fiquei com pena das mulheres que se submeterão voluntariamente a esta execrável demonstração de incultura e praticarão sexo oral impessoal, invasivo, gratuito... Como seria mais interessante se elas buscassem inspiração nos versos tematicamente similares do grupo pernambucano Textículos de Mary, que tacam o verso “chupei a sua glande” na canção que abre um de seus poucos e fabulosos discos...

Segui em frente e, ao chegar em casa, comi algo, enquanto me preparava para assistir a um filme alemão pelo qual aguardava ansiosamente: “Todos os Outros” (2009, de Maren Ade). A promessa inicial do filme é encantadora: um casal em férias, um casal que se ama, um casal que sente dor, um casal que pode brigar por ciúmes a qualquer momento... Pena a duração estendida do filme (119 minutos) desperdice alguns bons momentos, como a insistência da personagem feminina para que seu namorado a penetrasse sem camisinha. Ele recusa. Ela goza, frustrada. Num momento anterior, é ele quem goza de frustração, ao tentar ler um livro enquanto sua amada o abraça com insistência luxuriosa: amar é submeter-se às concessões também! Tomara que eu não me apaixone por alguém que goste da canção citada no título... Mas, se ele/ela me mandar mamar e depois dizer que o/a amo, ah, pode ter certeza de que o farei! (risos)

Wesley PC>

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