Tendo apenas 85 minutos de duração e contando no elenco com o garoto Wilfred Khouri, filho do diretor, que já aparecera anteriormente em “Noite Vazia” (1964), “O Corpo Ardente” quase não se prende a uma trama. É muito mais um estado perturbador de alma: uma mulher riquíssima perambula por uma festa organizada por seu marido. Os convidados entendiam-se, mas em respeito a ela, fingem que estão se divertindo. Percebe-se, de imediato, que há um fosso apreciativo entre marido e mulher. Ele é infiel. Ela, amargurada. Numa viagem ao interior, ela entra em contato com dois fazendeiros, que buscam um imponente cavalo preto fugitivo. Até o final do filme (uma projeção desta viagem de férias), ela se identificará com o cavalo em fuga, afinal abatido pelo fazendeiro que tanto o buscava... Preciso acrescentar algo no que tange à perfeita adequação deste resumo tramático ao ‘corpus’ temático khouriano?
Para ser sincero, o filme me deixou mais agoniado que o normal: afligi-me tanto durante a sessão que parecia até que não estava a gostar do filme. Mas, da segunda metade em diante, entreguei-me por completo, transformei-me espectatorialmente na protagonista, vivida por uma belíssima Barbara Laage, constantemente focalizada com o rosto em ‘close-up’. Um filme absolutamente atordoante, que me fez também suspirar pelo jovem David Cardoso, que aparece de relance nalgumas seqüências. E o cavalo corria, a mulher se lamentava, o menino percebia tudo, mas não entendia: por que sua mãe está sempre tão triste? O desfecho do filme não precisa ser mais explícito. Arduamente maravilhoso!
Wesley PC>
Um comentário:
Vi o filme no youtube,o David bem jovem é um encanto,o maduro também,rs.
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