sexta-feira, 10 de agosto de 2012

QUANDO SE ESTÁ DEPRIMIDO, DORME-SE. NO ESTADO ESPIRITUAL OPOSTO, TAMBÉM!


“Wake from your sleep 
The drying of your tears 
Today we escape
 We escape”… 

O anúncio da colaboração entre a diretora Jodie Foster e o ator Mel Gibson no filme “Um Novo Despertar” (2011) implantou-me interesse quando trazido à tona. Algo naquele enredo me fisgou a atenção de imediato: tratava-se da estória de um homem francamente depressivo que, após fracassar em quase todas as tentativas de enfrentar o desânimo, transfere seus anseios e empolgações para um castor de pelúcia, através do qual volta a falar, sorrir e se comunicar com as pessoas ao seu redor. Entretanto, sua esposa acha insana a decisão de servir-se de um alter-ego animalesco para enfrentar a tristeza, de modo que o que parecia um ato bem-sucedido de enfrentamento chafurda numa cisão de personalidade, sendo necessário amputar o antebraço, com o castor de pelúcia incluído, para voltar a ser quem se é. Música-tema para este processo: “Exit Music (For a Film)”, do Radiohead.

Apesar de o filme, roteirizado por um tal de Kyle Killen, ser muito bom quando deslinda as tentativas de superação psicológica do protagonista, vivido muito bem por Mel Gibson, ele se estraga quando passa a dar voz ao filho mais velho (Anton Yelchin) do personagem principal , uma rapazola mimado e pseudo-depressivo que recebe dinheiro para realizar trabalhos escolares para seus colegas. Ou seja, a diretora Jodie Foster, que também atua como a esposa do protagonista, não conduz bem a perspectiva narrativa do filme, que ora é cedida ao Castor propriamente dito, ora está sob a tutela de Walter Black (nome do protagonista), ora soçobra nas mãos abestalhadas de Porter, o filho bitolado do mesmo. Mas, entre seus bons e maus momentos, “Um Novo Despertar” surpreende pela inusitada ternura, pela boa intenção em tratar um tema difícil de não ser ridicularizado ou vendido, como a depressão, e pelo extraordinário uso da canção composta pelo Thom Yorke. E, se no começo da letra, ele fala sobre a necessidade de despertar, enxugar as lágrimas e fugir, no final, ele fala sobre as regras e a sabedoria que sufocam. E é com essas duas que eu fico:

“We hope your rules and wisdom choke you 
Now we are one in everlasting peace
 We hope that you choke
 That you choke” 

Eu fico! Pois o filme parece obra de auto-ajuda, mas é muito mais (e também menos) que isso!


Wesley PC>

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