quinta-feira, 9 de agosto de 2012

VAI DEMORAR PR’EU VOLTAR AO NORMAL!

Não sei o que eu esperava encontrar quando liguei a TV para ver “Somos o que Somos” (2010, de Jorge Michel Grau). Porém, este filme mexicano de horror contemporâneo e social agradou-me sobremaneira: na trama, o patriarca de uma família pobre falece em pleno centro da cidade e os três filhos precisam ajudar a mãe a conseguir comida. O detalhe cabal: eles são antropófagos! Passaram anos consumindo as prostitutas que seu pai conseguia, mas, obrigados a se virarem sozinhos, demonstram-se ineptos em seqüestrarem meninos de rua e prostitutas. O mais velho dos filhos, sentindo-se responsável pelo sustento da família, dispõe-se a freqüentar uma boate ‘gay’, em busca de uma vítima fácil. Logo consegue: ele é bonito e surge um rapaz interessado por ele. “Cuidado por aqui: existem muitos lobos querendo te comer!”. Mal sabia ele que o rapaz é que anseia por comê-lo. São flagrados se beijando pelo irmão mais novo do canibal, que se recusa a comer um homossexual. Ao mesmo tempo, sua mãe adentra a casa com um taxista, que é morto com pazadas na cabeça. Uma situação extremamente violenta, que é interrompida pelo choro do irmão mais velho, que se sente preterido em relação ao afeto materno: “por que tu me odeias tanto?”. Francisco Barreiro e Carmen Beato em desempenhos irrepreensíveis, sustentados pela excelente e perturbadora trilha sonora de Enrico Chapela e por uma direção de arte acachapante. Pena que o roteiro decai um pouco quando acrescenta uma perseguição policial à trama. Mas o filme é inusitadamente genial: é sanguinolento, porém estraçalha-nos muito mais em sua crítica social que por causa das imagens chocantes. Veio-me em boníssima hora!

Wesley PC>

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