domingo, 25 de outubro de 2009

TALVEZ NEM TODO MUNDO FAÇA...

Havia digitado um texto razoavelmente grande sobre o filme de Tinto Brass que eu vi hoje em Gomorra. Havia digitado um texto no qual reclamava que algumas pessoas ultimamente me recebendo perguntando o que eu estou trazendo para elas ao invés de como eu me sinto. Escrevi um texto tão ávido quanto aquela carta que a protagonista de “Todas as Mulheres Fazem” (1992) escreve no começo do filme, em que suas lágrimas são secundarizadas pela câmera em virtude do modo arreganhado como a personagem se senta. “A bunda de uma pessoa nos revela como ela é”, diz alguém. Tinto Brass com certeza concorda com isso!

Enquanto via o filme, sentia que meus companheiros masculinos de sessão reagiam sanguineamente à produção, que, mesmo que seja um dos menos interessantes do genial cineasta erótico italiano, é absolutamente profícuo em sua tese de que aventuras sexuais não inibem o amor verdadeiro. Por mais que eu tenha me chateado com algumas situações modorrentas (e/ou burguesas) do mesmo, concordei ‘ad extremis’ com a tese reiterada ao final, quando o marido de Diana (Claudia Koll) vai buscá-la no trabalho, a perdoa de uma traição descoberta e percebe a tempo que sua mulher o ama desesperadamente, não obstante ser certo que ela não vá parar de foder com outros homens, seja o francês com tatuagem de boca que a aborda numa festa, seja o primo com fedentina urinária que a agarra após um funeral e a leitura de um testamento. Se este moleque da foto fosse meu primo, com certeza não ia ter fedor de mijo que me incomodasse de agarrá-lo após a leitura do testamento também (risos).

Um dos presentes à sessão, porém, confidenciou-me novamente que desgosta de Tinto Brass. Já havia percebido isto diversas vezes, dado que ele sempre fica arredio ou desconfortável quando insisto em exibir as produções deste cineasta que tanto me encanta, mesmo que seja notório o incomodo que ele causa em alguns andromaníacos com a sua ostensiva utilização de próteses fálicas esdrúxulas. Não é nenhuma vergonha para mim, portanto, gritar que sou fã de Tinto Brass. Sou – e, por esse motivo, emociono-me sempre que ele insiste em dedicar seus roteiros a especulações sobre a natureza alargada do amor, ignorando se a lentidão inevitável de tal dedicação perturbe espectadores superficiais, que criam que a amostragem interminável de bundas e/ou bibelôs ginecológicos fosse o máximo que este artista tivesse a oferecê-los...

Tinha escrito um texto em que falava sobre tudo isso, mas este se perdeu quando eu tentava desinstalar de meu computador alguns verificadores corrompidos de antivírus. É pena. Perdeu-se, não se recupera. Por falar nisso, insistirei para não aplicar tal veredicto sobre as tais pessoas (queridas) que perguntam o que trago antes de quererem saber como estou. Talvez seja uma fase: há quem confunda diversão com egoísmo, há quem não saiba lidar com mudanças graduais que são transformadas em lancinantes em virtude da ausência. E, desta vez, a culpa não é só minha. Gomorra mudou...

Wesley PC>

PS: Beijo carinhoso em Glauco, Paulo Antonio e Bruno/Danilo, meus nobres companheiros de sessão na tarde de hoje. Precisava de alguém ao meu lado neste domingo de sol em que tive pendências trabalhistas a resolver na UFS. Eles estiveram!

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