domingo, 6 de setembro de 2009

O surrealismo do Fauno




Em “O labirinto do fauno” (2006), o cineasta Guillermo Del Toro apresenta uma fábula sombria recheada de metáforas e alegorias. Além de ser puro entretenimento, o longa também é uma ótima refeição mental para os cinéfilos e amantes da literatura fantástica. O filme abre com uma pequena narração sobre uma princesa que abandonou seu reino subterrâneo para conhecer a realidade humana e as conseqüências de seu ato. Depois disso conhecemos Ofelia, uma menina de 10 anos fascinada por livros de contos e fábulas com fadas. Ela está viajando junto com a sua mãe Carmen para o campo, onde vai encontrar seu padrasto, Vidal. Ele é o capitão das forças fascistas do general Franco, que governa a Espanha em favor dos ricos e poderosos com a aprovação da Igreja Católica. Logo de cara percebemos que Vidal é um homem extremamente sádico e que maltrata Ofelia.
Ao redor de sua nova casa, a menina encontra um labirinto que leva a uma trilha subterrânea. Lá ela conhece o Fauno, uma criatura metade humana, metade bode, que a convence de que ela é a princesa perdida do reino subterrâneo e que precisa realizar três tarefas para retornar para seu reino. Ao mesmo tempo em que Ofelia embarca nessa viagem repleta de fantasia, Vidal não poupa esforços e sadismo para exterminar os rebeldes que ameaçam o governo. Mas o debate não é só social, mas também político. Vidal não consegue ver nos rebeldes uma ameaça. Para ele, é uma questão de tempo para que todos sejam eliminados.
Fica evidente a diferença entre o mundo de Ofelia e o de Vidal. Ela acredita em sonhos e fantasia, sentimentos e características vitais para o desenvolvimento do ser humano. Vidal é um produto de mundo rígido e fascista. Sua ideologia é baseada na violência. Del Toro aproveita para analisar psicologicamente como homens dessa natureza são resultado de uma relação agressiva e abusiva dos seus pais.
Esse universo onírico e gótico é a espinha dorsal do filme. Del Toro não delimita o que é fantasia ou realidade. Ele aponta caminhos e deixa que o público embarque na viagem de sua preferência. Mesmo na conclusão, Del Toro contrasta os dois mundos. O espectador tem a possibilidade de escolher baseado em suas crenças pessoais. Quem não acredita em fadas, lendas e mitologia não se sentirá enganado. Otimistas que ainda vêem esperança no mundo caótico em que vivemos ficarão satisfeitos. E essa dualidade fica evidente na personalidade de Ofelia. Ela mostra que talvez a melhor maneira de escapar da realidade, neste caso, de um país em guerra, seja criando um mundo de fantasia.
Assim, realidade e fantasia se completam em um verdadeiro banquete de cenas e personagens inesquecíveis. Visualmente, o filme é soberbo. A cor é extremamente carregada de um sombreado que transforma a narrativa em um livro antigo de fábulas. O Labirinto do Fauno é visceral, violento, mágico e impressionante. É o retorno da fábula a seu devido lugar e uma história que nos choca e emociona com seus toques líricos e oníricos diante da violência de um país assolado pela Guerra Civil Espanhola.
A criatividade percebida no decorrer do longa, geralmente acontece na quebra de padrões, aplicando uma nova visão a fatos e coisas. Analisar problemas sobre novos ângulos. Perceber detalhes sutis e retirar a poesia da vida. Ver a arte antes mesmo dela existir. Estes fatores de criatividade e criticidade se mostram presentes no mexicano Del Toro. O diretor reuniu em “O labirinto do Fauno” uma série de metáforas e alegorias, fazendo do filme uma excelente obra destinada a públicos diversos, principalmente para aqueles estudiosos da Guerra Civil Espanhola. Além disso, inteligentemente, Del Toro transporta seu argumento para o campo. Cercado de florestas, o público se sente confortável em aceitar que possa existir por ali um universo mítico. Envolvendo este universo estão as duras cercas do mundo real, chamando a atenção do público e dos apreciadores da arte cinematográfica.


Anne

3 comentários:

. disse...

Já tinha visto esse filme mas sua descrição dele foi do caralho.
Agora tenho uma certeza:
"Anne escreve o tanto que fala: um monte!" kkkkkkkkkkkkkkkkkk

xeru insone =*

Annita! disse...

Besta...
e vc q pergunta parecendo uma metralhadora...uahauhaua
isso, e parte de uma resenha, bestona.
e va dormi!
rs

Pseudokane3 disse...

Sim, infelizmente tu tens esta mania de pegares partes de resenhas alheias... Eu sei disso (humpf). Deverias te lançar mais em palavras próprias, moça, e justificar o elogio ayalliano, dado que sim, o texto é muito bom.

Mas eu tenho problemas com este ótimo filme: é que ele é muito parecido com um filme anterior do mesmo diretor: A ESPINHA DO DIABO. Busque!

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