domingo, 16 de setembro de 2012

“TIVE UMA DEPRESSÃO. E NÃO ESTOU ME REFERINDO A UMA DEPRESSÃO DE ESTRELINHA...”

Começo com um amplo pedido de desculpas e uma declaração de inaptidão: por mais que eu me esforce, não consigo entender o que é depressão. Sei que é uma doença gravíssima, conheço pessoas que padecem deste mal, mas insisto em atrelá-la a fatos traumáticos, dolorosos e observáveis. É um erro. Mas assumo-o como tal: é meu erro!

 Na manhã de hoje, afligido por “uma dor triste, um coração cicatrizado”, assisti a um filme absolutamente impressionante: “O Inferno de Henri-Georges Clouzot” (2009, de Serge Bromberg & Ruxandra Medrea), documentário sobre uma obra inacabada de 1964 que deu origem ao atordoante filme de Claude Chabrol, “Ciúme – O Inferno do Amor Possessivo” (1994, comentado aqui). Para além de minha identificação pessoal (não em primeira pessoa, mas em terceira) com o tema, o que mais me afligiu no documentário foi a descrição exaustiva dos fatores que engendraram a inconclusão do filme: desentendimentos com os atores, um infarto do diretor, discrepâncias atrozes entre a meticulosidade técnica do cineasta e as suas aplicabilidades, etc.. O fato é que o filme tocou em pontos que ameaçam trazer novamente à tona a enxaqueca que me afligiu nos últimos dias.

 No roteiro original, seguido à risca por Claude Chabrol, o proprietário de um hotel à beira de um lago crê que sua bela esposa lhe é infiel. Crê tanto nisso que a persegue, a destrói. O cineasta responsável por este enredo sofria de insônia crônica, a ponto de incomodar quem conseguia dormir em plena madrugada. Ele os despertava, a fim de discutir questões consideradas inapropriadas para aquele horário. E as paixões afloravam, os gritos tornavam-se estridentes, as brigas tornavam-se físicas, a depressão se instalava. E Henri-Georges Clouzot atestava: “é preciso ir até o final de nossa loucura. Ir até o fim, Assumir até o fim”. Chega! Não posso escrever mais!

Wesley PC>

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