sábado, 11 de dezembro de 2010

DECEPÇÃO É MENOS FORTE QUE O AMOR!

Se eu dissesse que há um filme de 1991, dirigido pelo veterano Carlos Saura, cujo roteiro reproduz situações reais e imaginárias das vidas de Luís Buñuel, Salvador Dalí e Federico García Lorca, tendo o grande roteirista Jean-Claude Carrière fazendo figuração no elenco, tinha como se imaginar que o referido filme seria abaixo de “muito bom”? Pois “Buñuel e a Mesa do Rei Salomão” (1991) é um filme tão execrável que eu pelejei para manter-me sequer concentrado na TV em que ele estava sendo exibido, tamanha a quantidade de falácias execráveis em seu roteiro pseudo-aventuresco, na concepção extremamente vilanesca do pintor surrealista salvador Dalí, na higienização sexualista do poeta Federico García Lorca, na introdução sub-enciclopédica de detalhes sobre a vida e obra do genial diretor citado no título... Simplesmente abominável! Como é que o politizado e erudito Carlos Saura pode ter realizado uma obra tão ruim? Como? Que grande decepção! Como sou fã do diretor e sei que este é um ponto falho quase irrelevante em sua extraordinária carreira, dou de ombros: “Salomé” (2002), o filme que ele realizou logo em seguida, é genial!

E se eu dissesse que toda esta introdução verídica de insatisfação diante do filme que vi na manhã de hoje é um pretexto para que eu apregoe que seres humanos são falhos e, por mais que os amemos, tendemos a nos decepcionar eventualmente com eles, mas isto não faz com que deixemos de amá-los, eu pareceria credível? Pois é verdade: por isso, jamais esqueci o que me aconselhou o protagonista suicida do depressivo e excelente filme “Gente Como a Gente” (1980, de Robert Redford): “não confie demais nas pessoas. Elas podem decepcionar você”. Bom que elas o façam, aliás. Aliás, temos certeza de que elas são mais pessoas do que entidades. E, até imagino minha amiga Tatiana Hora dizendo agora: “Arre! Estou farta de semideuses!”. Eu ainda não, mas depois da forte decepção da manhã de hoje, sua frase de perfil blogueiro me fez muito sentido! (risos conformadores)

Wesley PC>

Um comentário:

tatiana hora disse...

a decepção pode ser menor do que o amor, mas nunca maior do que o amor próprio (frase de auto-ajuda kkkkk).

resumindo: existe um limite que, quando ultrapassado (sob a permissão de outrem), só incorre em mais falta de respeito.

numa relação amorosa então, nem se fala...