domingo, 5 de dezembro de 2010

“A IGREJA É FRACA PORQUE OS HOMENS SÃO FRACOS. TODOS OS HOMENS SÃO FRACOS. INCLUSIVE ESTE”!

Esta é uma das falas finais do filme “Anjos e Demônios” (2009), mais uma deplorável demonstração da falta de talento como diretor polemista de Ron Roward e da minha completa falta de interesse em ler algo escrito pelo Dan Brown. Acabo de ver o filme e ainda estou enfastiado pela escuridão do mesmo, pelo roteiro contraditório (como é que um personagem se diz anti-vandalismo e permite o roubo de folhas sacras de textos seculares de Galileu Galilei?), pela modorra generalizada de sua produção como um todo. Porém, como é um filme que, em seu infinitésimo recôndito de racionalidade, instaura-nos um pouco de questionamento sobre o que seja Fé (assim mesmo, com inicial maiúscula), num dos diversos vãos do filme, enviei uma mensagem de celular para um garoto por quem sou apaixonado: “eis o que venho te dar/ eis o que ponho no altar/ toma, Senhor, que ele é Teu/ meu coração não é meu”. É uma canção do padre Zezinho – e, definitivamente, gosto mais do padre Zezinho que do Ron Howard!

Sei que deve ser comum defender a paixão mais recente como sendo superior a qualquer outro resquício similar que tenha havido no passado, mas um dos detalhes mais interessantes sobre esta manifestação platônica hodierna é que me sinto cada vez mais literato, inteligente e religioso depois disso: é como se, ao rejeitar-me compreensivamente enquanto ser vivo com ânsias carinhosas, o rapaz me conduzisse de volta a Deus, à Literatura, ao Cinema, às referências magnas que nunca abandonei. É como se o tal rapaz me fizesse estar em contato reiterado comigo mesmo o tempo inteiro. Por isso, ignorei quando dois de meus amigos disseram que ele parece um porco, um porco miyazakiano para ser mais preciso. Ele é lindo. Imperfeito, prosaico, arrogante, porém lindo mesmo assim!

Mas não é sobre ele que eu queria falar aqui: queria falar sobre o meu desamparo pessoal em relação às noções eclesiásticas mais básicas. Acredito que deva haver uma igreja? E uma Igreja? Creio em Pedro como o fundador básico do que hoje se entende, ao menos idealmente, como “casa do Senhor”? Sendo rosselliniano por excelência, eu não deveria me sentir tentado a tal? Não vi ainda o filme da foto (pretendo fazê-lo de hoje para amanhã), mas fica a dica: eu sou fraco, Jan Švankmajer é fraco, o menino-porco é fraco. Assim é que é bom!

Wesley PC>

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