segunda-feira, 2 de novembro de 2009

SATISFAZENDO-SE DO JEITO ADOLESCENTE (E ALÉM DISSO)...

Namorado e namorada sexualmente ativos conversam pelo MSN. Ambos estão separados por compromissos profissionais. “Como é que tu estás a te satisfazer, longe de mim, querido?”, pergunta ela. A resposta está acima e, na moral, é algo que me deu muita vontade de fazer ao final de “Puffball” (2007), inesperado bom filme de Nicolas Roeg que acabo de ver...

Nicolas Roeg: por um gracioso joguete do destino, eu e uma sobrinha caímos numa mini-maratona com seus filmes. Vi quatro: “Perfomance” (1970, co-dirigido por Donald Cammell), seu filme de estréia, no qual Mick Jagger interpreta um músico recluso que mostra a um gângster conservador que as mascaram caem diante do inconsciente revelados pelos instrumentos psicodélicos e pela tentação do sexo livre; “Bad Timing – Contratempo” (1980), uma trama sobre obsessão romântica que se estende mais que o necessário, mais que justifica o estupro de uma moribunda pré-suicida; “Malícia Atômica” (1985), surpreendente enredo contra julgamentos pessoais realizados com base nas aparências das pessoas, em que um imaginário encontro sensual entre Marilyn Monroe e Albert Einstein dá a tônica de uma brilhante e apocalíptica (no plano político) seqüência final; e o referido “Puffball”, estória repleta de sexualidade, em que um casal irlandês citadino passa a ser alvo da inveja conceptiva e da magia negra engendrada por moradores locais.

As cenas de sexo e masturbação do filme, a pulsão erótogena que emana de cada um de seus fotogramas televisivos fez com que eu legitimasse a minha própria sexualidade, contestando em mim mesmo o que a gênese de uma vida revela de essencial e metafísico. Muitas são as cenas do filme em que penetrações e ejaculações são vistas por dentro. Não lembro, inclusive, de ter visto uma camisinha usada ser dotada de tamanha significância sígnica quanto nesta obra absolutamente subestimada. Sem contar que as obsessões características do diretor/autor pelos espelhos em cena que revelam distorções personalísticas ou a invasão crescente de imagens de ruptura relacionadas a traumas do passado dignificam ainda mais o filme. Estou chocado com o quanto ele me excitou. Sinto-me até incapaz de julgar o filme com mais imparcialidade do que isso: para além de demonstrar que o cineasta responsável por ele permanece mui prenhe de talento (sem trocadilhos indesejáveis), a valorização sobrenatural do esperma neste filme me fez ficar fã do mesmo: eis, desde já, um de meus clássicos de cabeceira masturbatória!

Sobre a foto: são para situações como esta que o adultério foi inventado!

Wesley PC>

Nenhum comentário: