sábado, 7 de novembro de 2009

QUANDO O PRAZER DE ALGUNS É A TORTURA DE OUTROS!

Hoje eu vi o filme de Bernardo Bertolucci que mais aguardei durante toda a minha vida, um filme que, desde o dia infantil em que li o primeiro resumo, sabia que teria tudo a ver comigo. Um filme cujo título vai direto ao ponto, um filme baseado em romance de Alberto Moravia, o que implica de supetão que a inaceitação de algum aspecto sexual nato tornar-se-ia um gigantesco problema moral e político. Um filme soberbo e difícil, sobre o qual serei obrigado a escrever um texto apropriado quando tiver discernido melhor o que ele quis me dizer, dizer a mim... Filme: “O Conformista” (1970).

Não é de hoje que eu e/ou pessoas ligadas a mim tacham-me de conformista. Ou de conformado. Ou de qualquer coisa do gênero. Por mais que eu tenha aparência de insaciado/insaciável, eu me conformo com o que tenho, recebo, me cerca... Fui obrigado a não exigir muito do mundo, fui ensinado a ser frugal. E, teoricamente, não tenho problemas com isso. Mas tenho!

Reflexões sobre o filme à parte (insisto que escreverei sobre ele noutra feita, quando tiver compreendido sem medo seu brilhantismo enredístico, directivo e fotográfico), não é de hoje que recebo reclamações de meus amigos e convivas por causa de minhas tensões sexuais. Observo pessoas tomando banho sem autorização, espio sem perdão as atividades íntimas de outrem, invado a privacidade alheia sem me arrepender disso, etc., etc., etc.. Para piorar, volta e meia eu divulgo o que vi, percebi, escutei, sem autorização. Em tese, concordo que sou digno de punição, mas, por dentro, algo me corrói, algo me faz incorrer nos mesmos erros, repetir, me sentir orgulhoso de minha capacidade surpreendente de flagrar criaturas humanas em despachos eróticos solitários, que são aqueles que me interessam.

Há pouco, porém, cometi mais uma destas gafes – e fui percebido. Viram-me, se chatearam comigo e soltaram um “é o cabrunco agora!”. Não tive coragem ainda de enfrentar a pessoa (vou fazê-lo, preciso), mas... Acho que desta vez preciso prometer que isto não se repetirá. Talvez não precise, afinal de contas, a pessoa em questão oferece-me serviços sexuais freqüentes. Por que esta sanha em ser indiscreto, portanto? Por quê? Ciúmes, de novo?

Pelo sim, pelo não, não sou o único a pecar no quesito sexo (pecado aqui como sendo algo muito além do que um valor eclesiástico): no filme em pauta, o protagonista narra a um padre um episódio infantil, quando supostamente assassinara o motorista que o fodera. Na fotografia, suspeitos de terrorismo internacional (ou seja: pessoas) são torturadas por soldados norte-americanos cínicos, que obrigam-nos a masturbarem-se em público, por saberem que isso não somente os envergonha como vai de encontro crasso aos seus princípios religiosos. Por que eles fizeram isso? E ainda se gabaram! E ainda sorriram! Eu não estou sorrindo agora... Mas, ainda assim, não posso negar que estou excitado. Estou excitado, estou excitado, estou excitado!... E preocupado e triste e com raiva e ansioso e com medo e me sentindo violentado por ser tão violentador. Mas nada disso me faz dizer o contrário: estou excitado! A que preço...

Wesley PC>

Um comentário:

Antonio Heras disse...

Si yo fuera la militar de la fotografía, me suicidaría.

Quiero ver El conformista.


Un besote