segunda-feira, 9 de novembro de 2009

PONTO SURPRESA PARA MIGUEL FALABELLA:

Na pesquisa sobre germes do cinema brasileiro que estou a engendrar, sou obrigado a ver filmes bons e ruins. Por causa da acessibilidade midiática, os ruins predominam. Dentre eles, fui levado a “Polaróides Urbanas” (2007), dirigido por Miguel Falabella e... Qual não foi a minha surpresa ao perceber que gostei do filme?! Gostei. Pouco, mas gostei.

Quem conhece a carreira do histriônico diretor, deve imaginar que o roteiro do filme, baseado em peça teatral cômica de sua autoria incorre nos mesmos problemas histriônicos. Por sorte, a pretensão do filme em ser um painel sobre múltiplos personagens tipicamente cariocas rendem pelo menos uma situação dramática digna de menção: a sub-trama envolvendo a fútil Vanessa (Juliana Baroni), que, mesmo sendo ostensivamente bulímica, chama a atenção invejosa da ciumenta e pré-suicida Melanie (Ana Roberta Gualda), que rouba os remédios controlados de sua mãe psicanalista. Vanessa, por sua vez, usando seu belo corpo como estratagema para ludibriar potenciais amantes com dinheiro, consegue deprimir os apaixonados Arnaldo (Alexandre Slavieiro), que não consegue autorização para usar o carro de seu pai, e Mike (Nicolas Trevijano), michê e ‘stripper’ sentimentalóide que, não por coincidência, responde pelas melhores cenas do filme, seja quando ele dança seminu e choroso para uma platéia de homossexuais indiferentes ao seu sofrimento passional, seja quando telefona para um serviço de auto-ajuda e narra seu drama urbano masculino.

Em verdade, as verdadeiras protagonistas do filme vão perdendo o interesse à medida que o filme evolui, mas o charme dos personagens coadjuvantes conserva um saldo geral minimamente aprazível. Nesse sentido, as protagonistas hiper-valorizadas são: Marília Pêra, que vive duas irmãs gêmeas, uma dona-de-casa frustrada e uma rica vulgar que viaja pelo mundo; Natália do Valle, como a psicanalista incapaz de resolver os conflitos com sua filha carente; e Arlete Salles, a melhor das três, que vive uma atriz de teatro com síndrome de pânico, em virtude dos reveses da fama e dos assaltos que freqüentemente sofre na metrópole carioca.

Sei que estou exagerando ao recomendar o filme, mas... No plano empírico, ele é digno de nota, visto que, para ficar em exemplos recentes, achei-o melhor sucedido que “Estomago” (2007, de Marcos Jorge, sobre o qual talvez precise escrever um texto pessoal) e “Divã” (2009, de José Alvarenga Jr.). Talvez não custe arriscar – e olha que emputeci de raiva com as imagens auto-contemplativas do diretor, que são mostradas durante os créditos finais (grrrrrrrr!)...

Wesley PC>

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