sexta-feira, 4 de outubro de 2013

À GUISA DE UMA BREVE DESPEDIDA:


"Hoje acordei de um sono pesado com pragas alegres em meus lábios, com palavras desconexas em minha língua, repetindo para mim mesmo uma litania - 'Fay ce que vouldras!... fay ce que vouldras!'. Faça qualquer coisa, mas que produza alegria. Faça qualquer coisa, mas que cause êxtase. Tantas multidões dentro de minha cabeça quando digo isso para mim mesmo: imagens, alegres, terríveis, enlouquecedoras, o lobo e o bode, a aranha, o caranguejo, a sífilis com suas asas estendidas e a porta do útero sempre destrancada, sempre aberta, sempre preparada como o túmulo. Luxúria, crime, santidade: as vidas dos meus adorados, os fracassos dos meus adorados, as palavras que deixaram atrás de si, as palavras que deixaram inacabadas; o bem que arrastaram atrás de si e o mal, a tristeza, a discórdia, o rancor, a luta que criaram. Mas, acima de tudo, o êxtase!".

("Trópico de Câncer" - Henry Miller - página 239)

Eis o trecho que mais me impressionou do livro que tenciono terminar de ler ainda hoje. A litania em pauta, do modo como foi discutida, serve como um mantra pessoal. Tenho muito o que resolver hoje, pendências nem sempre agradáveis. Mas o coração está aberto, atento e forte: viver faz bem! Fazer o bem faz muito melhor!

Wesley PC> 

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