segunda-feira, 27 de agosto de 2012

“QUANDO SE TRATA DE MULHER, NÃO HÁ UMA IDADE IDEAL PARA DEIXAR DE SER HUMILHADO” (DEUS ME LIVRE DE SER INVEJOSO!)

Por mais esquemático que seja “Sete Dias com Marilyn” (2011, de Simon Curtis), tê-lo visto após finalmente suportar o pouco conhecido “O Príncipe Encantado” (1957, de Laurence Olivier) foi uma experiência dadivosa: o filme pareceu ainda mais simpático do que já era, para além de seu esquematismo biográfico. Não tem como não se encantar com esta diva triste que é a eterna Marilyn Monroe, do mesmo modo que não há como não se impressionar com a interpretação dramaticamente arrebatadora de Michelle Williams! No filme original, a loira interpreta uma corista que chama a atenção de um presunçoso grão-duque, que tenta domar a sua rebeldia lasciva, mas, afinal, sucumbe ao seu charme, doçura e inocência.

No filme que reconstitui as conturbadas filmagens do filme anterior, o maior problema é a falta de perspectiva: oficialmente, o ponto de vista dominante pertence ao terceiro assistente de direção (e futuramente escritor) Colin Clark, vivo um tanto apaticamente por Eddie Redmayne: este se apaixona pela atriz, enquanto ela enfrenta uma inextinguível depressão, que, afinal, a conduziria ao suicídio, poucos anos depois. Na trama, não apenas ele se apaixona por ela, como parece que a mesma corresponde a sua atenção. Como o filme fez questão de afirmar sua fidedignidade a um relato verídico na abertura, não questionarei este fato (pois é o que menos interessa aqui), mas, ao final da sessão, me sentia incomodamente invejoso. Talvez fosse conseqüência de uma moléstia causadora de dor de cabeça, mas não gostei de sentir isso...

 Uma das cenas que mais me incomodaram negativamente no filme foi a crise de ciúme que a musa Vivien Leigh (majestosamente vivida por Julia Ormond) destina contra seu marido Laurence Olivier (Kwenneth Brannagh), quando ele não consegue esconder que está deslumbradíssimo pela diva norte-americana. No pesadelo que havia tido antes de ver o filme, duas pessoas que me atraem sexualmente (em diferentes medidas, diga-se de passagem, tão extremas quanto possível no que tange à sexualidade) fundiam-se num caminhoneiro solitário, magro e envelhecido que dirigia por uma praia, até ser atacado por uma mulher, que o fere, que o faz mal. A uma das pessoas fundidas neste personagem onírico, dei detalhes sobre o sonho. À outra, apenas transmiti que havia sonhado. Preferi não arriscar a conseqüências mais desastrosas, como aquelas que, no filme, são metonimizadas na cena em que Marilyn Monroe acha o diário do seu marido Arthur Miller (Dougray Scott), onde ele confessava estar arrependido de ter se casado com ela. Lendo palavras tão duras contra sua pessoa íntima, ela chora. E eu senti inveja! Deus me livre de ser invejoso: não tenho medo de me humilhar quando estou apaixonado (ou, no mínimo, sexualmente atraído)!

 Wesley PC> 

Nenhum comentário: