quarta-feira, 5 de maio de 2010

MILITÂNCIA DOLOSA PREFIXAL

Na última de Jornalismo Ambiental que freqüentei, a professora solicitou que resenhássemos um curta-metragem chamado “A História das Coisas” (2007, de Louis Fox). Duas semanas se passaram desde este período e eu cometi a besteira de só assistir ao filme anteontem. Grifo aqui o termo besteira porque uma crise de personalidade me assolou durante a audiência ao curta-metragem, por dois motivos paradoxais: 1 – em virtude de minha prática costumeira na produção de resenhas, creio-me perfeitamente capaz de escrever um bom texto sobre o filme; 2- justamente pelo costume produtivo desta prática, enfrento problemas em relação à adequação formal do texto, visto que meus intentos avaliativos pessoais talvez difiram daquilo que será exigido pela professora.

Crise autoral à parte, minha relação com o curta-metragem, de cunho extremamente militante e elogiosamente contaminador, não foi tão positiva ou direta quanto a ótima professora sugeria: incomodou-me o tom demasiado elementar da apresentadora Annie Leonard, ambientalista apaixonada que, durante os 21 minutos de duração, discursa contra os malefícios atrozes e crescentes do capitalismo devastador que caracteriza a era em que vivemos agora – e que só tende a piorar. O pretexto enredístico do documentário é fazer com que questionemo-nos acerca de quais processos um dado produto seja às nossas mãos, pondo em xeque, inclusive, o porquê de eles serem eventualmente tão monetariamente acessíveis.

Fui à Biblioteca, busquei novamente o livro-mor do padrinho Karl Marx, dediquei o meu horário de almoço ao entendimento desejado do conceito de mais-valia e li alguns artigos sobre o filme, mas algo me bloqueia em relação à apreciação do curta-metragem. Por mais que as denúncias do mesmo sejam óbvias (no sentido mais redundante do termo) e eu concorde em gênero, número e grau com as admoestações da ambientalista acerca da importância da reciclagem, algo me perturba em relação a ele, algo faz com que eu não goste tanto quanto outras pessoas em que confio politicamente. Para descobri a origem do problema, preciso reavaliar alguns prefixos!

Wesley PC>

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