quinta-feira, 6 de maio de 2010

O LOMBROSISMO RECHAÇADO PELA IDEALIZAÇÃO DAS PAIXÕES PLATÔNICAS E OS PLEONASMOS JUSTIFICADOS DO DIA-A-DIA

Não é de hoje que as teorias sobre criminalidade nata patenteadas pelo criminologista italiano Cesare Lombroso (1835-1909) causam polêmica. Analisando os crânios de delinqüentes mortos, esta conturbada personalidade policialesca alegava encontrar padrões justificativos das práticas criminosas vitalícias. Mais ou menos isto!

Por pura causalidade avaliativa, posso utilizar fac-símiles das teorias lombrosianas para tentar entender como determinadas configurações tipológicas causam em mim efeitos atrativos largamente extensos, a ponto de eu subsumir-me a uma conformação poli-informativa do que se entende por amor platônico. Entretanto, não são poucas as situações em que meus esquemas sinápticos passionais fugiram às determinações previamente compreendidas, o que me deixou subconsciente apaziguado: ainda sou capaz de escolher!

Sendo capaz de escolher, submeti-me recentemente ao que se pode chamar de encontro pela Internet. Não sei se já relatei esta anedota aqui, mas, ao encontrar o talzinho relacionado, e renegar de imediato qualquer possibilidade de adequá-lo às minhas tipificações mentais concessivas do que seria um parceiro romântico (em outras palavras: por melhor que hipoteticamente fosse o seu caráter, ele NÃO era o meu tipo!), não quis desperdiçar o encontro e pensei na possibilidade consoladora de acrescentar mais um amigo ao meu rol de pessoas queridas. O talzinho, porém, era indomável: não obstante ele se descrever como cinéfilo em seu perfil de Orkut, o mesmo não parou de tagarelar durante a sessão do filme escolhido e, pior, ficou me intimado a sair da sala de cinema antes dos créditos finais. Fiquei com vontade de espancar o desgraçado ali mesmo (e deixei esta vontade bastante clara), mas, para ele, não era suficiente: convidou-me para acompanhá-lo até a praça de alimentação do ‘shopping center’ e praticamente suplicou para que eu aguardasse ele terminar de comer. OK, o fiz pela última vez em minha vida! Engraçado é que, avaliando situações similares cinematográficas, o contrário é que costuma acontecer: dá tudo certo. A realidade é bem diferente, pelo visto.

Pois bem, no penúltimo fim de semana, um parceiro para-sexual outrora freqüente (chuif) convidou-me para assistir a um filme espanhol ‘pop’ contemporâneo que um amigo seu havia emprestado. Tratava-se de “Diário Proibido” (2008, de Christian Molina), sobre uma ninfomaníaca que pelos bordéis e pela alta sociedade espanhola (há muita diferença?) em busca de um namorado perfeito, mas só descobre mais e mais situações de afobamento erótico. Pior: sob o ponto de vista oportunista de um capitalista masculino que explorava as divagações existenciais da moça apenas para erotizar a platéia acrítica. Não conseguiu comigo, pois fiquei particularmente interessado em investigar as particularidades comportamentais da melhor amiga da protagonista afoita, que é justamente uma solitária celibatária e masturbatória. Ao final, como ela termina? Muitíssimo bem casada em razão de um encontro cibernético. Ah, se a vida real fosse assim...

Voltando à realidade igualmente evasiva, é por isso que eu insisto em levar à frente minhas paixonites, por mais que às vezes elas me saturem de crises, conforme aconteceu ontem e conforme acontece durante a própria feitura desse texto.

Wesley PC>

Nenhum comentário: