domingo, 18 de outubro de 2009

SE ELES SÃO BONITOS, ALAIN DELON É ALAIN DELON!

No segundo episódio do filme “Histórias Extraordinárias” (1968), adaptado de contos de Edgar Allan Poe, poeta ultra-romântico norte-americano (!) com o qual me identifico mais e mais, Louis Malle dirige a estória de um rapaz bonito e destinado ao mal. Alain Delon interpreta o referido personagem, que obriga um padre a ouvir a sua derradeira confissão no início do episódio, chamado “William Wilson”, conforme os dois personagens principais. “Acabo de matar um homem”, diz um deles ao referido padre. “Estou condenado!”

Depois de professadas estas exclamações iniciais, o atormentado personagem narra sua saga trágica: ainda criança, recebe uma carta no colégio onde está internado. Rasga-a sem ler: não quer saber dos pais que aparentemente o abandonaram. Na sala de aula, percebe que um novo interno está chegando ao colégio, interno este que possui o mesmo nome que ele e que o interrompe sempre que ele comete maldades contra crianças mais novas. Anos mais tarde, na Faculdade de Medicina, ambos se reencontram. Um tenta arrancar o coração vivo de uma transeunte loira. O outro a salva. O narrador da saga abandona, então, a faculdade e se lança no Exército, até reencontrar novamente seu duplo quando é desmascarado como trapaceiro numa demorada partida de cartas com a bela personagem de Brigitte Bardot. Irritado, um dos William Wilsons da trama é esfaqueado. O outro pula da torre de uma igreja. A mesma faca será percebida enfiada no coração de ambos.

“Havia na maneira do estranho, no tremor nervoso de seu dedo, que erguera entre meus olhos e a luz, qualquer coisa que me causou um espanto completo: mas não era isso o que me emocionara de maneira tão violenta, e sim a importância, a solenidade da admoestação contida na palavra singular, baixa, sibilante, e, acima de tudo, o caráter, o tom, a clave dessas poucas sílabas, simples, familiares e, contudo, misteriosamente sussurradas, que vieram, com mil recordações acumuladas dos dias passados, abater-se em minha alma como uma descarga elétrica. Antes que eu pudesse recobrar os sentidos, ele havia desaparecido”.

Fica a mensagem...

Wesley PC>

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