segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

MEU PROBLEMA É SER DESCONFIADO DEMAIS?

Mais de uma pessoa enviaram-me, de forma empolgada e direcionada, uma notícia sobre um longa-metragem coletivo sobre a Boca do Lixo a ser lançado em 2014. Analisando com cuidado as entrelinhas desta notícia, fiquei chateado, conforme expliquei a uma de minhas professoras:

"Não tinha visto ainda, professora. Uau! 

Porém, por mais que o filme coletivo em finalização soe nostálgico, interessei-me bem mais pelo vindouro "Quadrilátero do Pecado". A notícia, inclusive, deixa bem claro o quanto o meu enfoque em relação à Boca difere do tradicional, enquanto interesse: os "clássicos" apontados na tabelinha limitam-se a filmes produzidos antes da década de 1980, reservando a tarimba de "clássicos" apenas aos filmes que não eram eminentemente eróticos, contribuindo sutilmente para a manutenção do esquecimento de nomes como Ody Fraga e Jean Garrett, os dois maiores gênios da Boca, ao lado do Carlos Reichenbach e do Ozualdo Candeias. Sem contar que menosprezar o "involuntariamente autoral" David Cardoso parece ainda a tendência dominante.

 Na verdade, professora, daquela lista de envolvidos no "Memórias da Boca" ali só me interessam realmente o José Mojica Marins (que é genial para além da Boca, em sua luta duradoura pela defesa do gênero terror), o Francisco Cavalcanti (que eu nem sabia que ainda estava vivo) e o Alfredo Sternheim, que é um classicista frustrado, porém talentoso. Creio que o filme seja absolutamente incoeso, mas anseio por vê-lo, que fique obviamente registrado. 

A leitura de notícias como esta - que parecem entusiástica, mas deixa entrever os mesmos preconceitos de outrora com o erótico 'per si' - faz com que eu sinta que a minha abordagem não é vã, que a minha dissertação (que encontra-se em seu derradeiro estágio) talvez instaure um incômodo defensivo, visto que o que mais me afeta enquanto objeto de pesquisa permanece subestimado. A discussão na (e após) a defesa vai ser ótima e acirrada, afinal. Oba! 

Obrigado mais uma vez".

Ou seja, por mais empolgação que este tipo de notícia me traga, vem também um forte laivo de desconfiança, visto que a cinematografia da Boca do Lixo periga tornar-se uma "modinha" enviesada, por conta das tentativas de assimilação midiática tardia e parcial. Vejamos no que vai dar...

Wesley PC>

Um comentário:

ADEMAR AMANCIO disse...

Eu gosto do blog ''Estranho Encontro'',Andréa Ormond destaca todos os gêneros produzidos na Boca do Lixo.