terça-feira, 23 de agosto de 2011

“NÃO AFRONTARIA NINGUÉM SE FOSSE APENAS POR CAUSA DA FELICIDADE. MAS É DA VERDADE QUE SE TRATA – E A VERDADE É ESSENCIAL A ESTE MUNDO”!

No capítulo 4 [“Diário de Betty (I)”] de “Crônica da Casa Assassinada” (1959), obra-prima literária de Lucio Cardoso, uma governanta depara-se com um homem muitíssimo gordo que se veste como mulher. Confinado num quarto distante de uma casa imensa, evitando, assim, expor aos demais a vergonha de seu homossexualismo, este homem brada aos quatro ventos a epígrafe titular desta postagem, da qual eu me sirvo para fins pessoais, numa relação que transcende a mera identificação vocabular e desemboca num ativismo moral ferrenho. Definitivamente, eis eu acredito em que acredito: a pujança atroz de um conceito limitado por sua própria conceituação, a Verdade. E, por mais árdua que esteja me sendo a leitura deste brilhante livro com mais de 500 páginas, intuo que, em breve, poderei estar divulgando-o aqui como uma das melhores obras de toda a minha vida. A cada página que viro, intensas dores personalísticas amalgamam-se com as minhas próprias dores e lembranças. O livro é uma obra-prima, mas é difícil, ah, como é difícil!

“Então? A verdade não se inventa, nem se serve de maneira diferente, nem pode ser substituída – é a verdade. Pode ser grotesca, absurda, mortal, mas é a verdade. Talvez você não entenda, Betty, e, no entanto, aí é que se encontra o ponto central de todas as coisas”.

Wesley PC>

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