domingo, 14 de agosto de 2011

MESMO QUANDO NÃO ACONTECE NADA, É DRAMA!

Aconteceu muita coisa comigo hoje. Talvez tudo muito corriqueiro, tão trivial que nem pareça mais tão dramático: acordei com o choro altissonante de meu irmão mais novo. Não sei por que (ou talvez saiba, mas temo em admitir), mas ele urrava enquanto as lágrimas escorriam por seu rosto, em frente à rua, sol a pino, ainda consciente e sóbrio. Minha mãe tentava acalmá-lo, eu relutava em despertar (sou um covarde mesmo!), mas ele continuava a chorar, a chorar e a chorar... Permaneceu assim por muito tempo, até que se embebedou, tentou dormir e não conseguiu. Neste momento, ele tenta novamente, mas é difícil, é árduo!

No entretempo de suas tentativas de interrupção lacrimal e de mergulho soporífero, vi um telefilme que parecia tolo, mas me surpreendeu: “Cinema Verité: A Saga de uma Família Americana” (2011, de Shari Springer Berman & Robert Pulcini), sobre um dos primeiros ‘reality shows’ da televisão mundial, em que uma família norte-americana aparentemente típica é esfacela diante das câmeras, por causa do adultério recorrente do pai de família (vivido por um envelhecido e talentoso Tim Robbins), da fragilidade pulsante da mãe (Diane Lane, irrepreensível) e da homossexualidade latejante do filho mais velho (Thomas Dekker, afetado na medida certa). Costumeiramente, detesto cinebiografias, mas esta se permite comparar os personagens fictícios com os reais em mais de uma seqüência e demonstra a sinceridade compositiva mui pertinente dos primeiros em relação aos segundos. Não é de me surpreender tanto, aliás, visto que os diretores já demonstraram entender bastante de metalinguagem emocional no primeiro longa-metragem ficcional que realizaram juntos. Num os momentos mais inspirados do filme, o produtor do ‘reality show’ (James Gandolfini) gritava para os seus câmeras: “não saiam de perto deles nem um momento. Nunca se sabe quando um drama legítimo emergirá nas telas!”. 'Tudo é drama!': pensava eu comigo mesmo. Era verdade... É verdade ainda. E meu irmão dorme, tomara!

Wesley PC>

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