sexta-feira, 23 de abril de 2010

DOS PORQUÊS DE QUE NÃO TER QUERIDO SABER SOBRE O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ATÉ AGORA...

Já vem se tornando uma tendência viciosa (ou saudável?) dedicar a segunda metade de meu horário de almoço de sexta-feira à análise pessoal das aulas de Jornalismo Ambiental que enfrento neste dia. Na manhã de hoje, a aula (comumente ótima) foi-me particularmente proveitosa no sentido de que me ofereceu uma possibilidade de solução duradoura para minhas eventuais crises sobre “o sentido da vida” que vai muito além do congregacionismo egóico pretendido na postagem anterior: lidar com o meio ambiente – em especial, enquanto agente midiático, no combate aos falsos denuncismos de empresas que disfarças suas atitudes maléficas em relação à natureza com campanhas ambientais – é muito mais proveitoso do que abraçar horas fios pessoas involuntariamente hipócritas que repetem em idiomas supostamente angelicais os 10 Mandamentos da lei de Deus, mas consomem largos quilogramas de carne animal quando chegam em casa e sequer questionam se isto é religiosamente legítimo ou não.

Pois bem, na aula de hoje, baseada num ambientalista que não por acaso estou lendo (Carlos Walter Porto-Gonçalves, autor de “A Globalização da Natureza e a Natureza da Globalização”), a professora tentou destacar as ambigüidades discursivas dos órgãos de protecionismo ambiental que são financiados por empresas particulares ou pelo Estado. Uma colega de classe citou o WWF (“Fundo Mundial pela Natureza”, numa tradução lata), cujo logotipo estampa esta postagem confessional mais pelo chamariz interrogativo-motivacional do que necessariamente por uma adesão de princípios. Quanto mais eu leio sobre este tipo de iniciativa ou vejo filmes ecologicamente contraditórios (no plano mais massificado e expansivo do termo, em que o exemplo de Louis Psihoyos [vencedor do Oscar de Melhor Documentário deste ano por causa de “A Enseada” (2009), sobre a matança indiscriminada de golfinhos no Japão, acompanhando investigação do treinador arrependido do finado Flipper], mais eu percebo ou constato ou interpreto que a luta neste âmbito soa mais digna através do prisma subjetivo, pessoal, muito mais discreto do que através do que é apelidado de Organização Não-Governamental. Em dado momento da aula, por exemplo, a professora criticou os óbvios estratagemas sensacionalistas do Greenpeace, mas não teve como negar que os mesmos são ostensivamente funcionais.

Já tive oportunidades para comentar o que acho das campanhas publicitárias sensacionalistas do PETA, por exemplo (caso A, caso B), mas sempre me pego consentindo em ignorar alguns aspectos negativos tangenciais deste tipo de campanha em razão de sua aplicabilidade funcional no mundo pessimista que se deslinda diante de nossos olhos e sentidos. Aliás, percebo que nem todos gostam da aula, visto que alguns colegas só levantavam as mãos para fazer comentários impertinentes sobre a letra da professora (portadora de tendinite aguda) no quadro, enquanto eu me chateava por, sendo ainda calouro, ter vergonha de levantar alguns debates acerca das questões contraditórias que tanto me incomodam e, como percebo agora, são muito mais funcionais em momentos de crise erótica do que um patenteamento de minhas vocações religiosas. Está dado o recado, portanto!

Wesley PC>

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