sábado, 9 de janeiro de 2010

I – DO QUE EU PENSO QUE NÃO SEJA AMOR

Todos sabem que eu sou demasiadamente crédulo em relação ao que chamam de amor. Por mais espalhafatoso ou clicheroso que ele se manifeste nas obras de arte e/ou comunicação de massa, basta uma declaração demorada para que eu leve o suposto apaixonado a sério – e, como tal, a minha devoção pseudo-intermitente a Rafael Maurício impinge-me a culpa por alimentar o círculo vicioso que ignoro em razão de minha credulidade afetiva. Ok, teoricamente nada de mal em relação a isso. O problema é meu, eu que me vire para me justificar em situações de risco. Porém, quando estas situações de risco provêm de Hollywood tenho que pensar duas ou mais vezes no que declaro ou escrevo. Acabo de ver um filme chamado “10.000 a.C.” (2008), cuja ação interminável é supostamente embasada no amor que um homem sempre sentiu por uma mulher. O nome assombroso do alemão Roland Emmerich listado nos créditos como diretor, roteirista e produtor fez-me tremer antes do filme começar: triunfalismo estadista emanará de cada um dos 109 minutos de projeção. Fiquei curioso, porém: como ele fará isso num contexto pré-histórico? A resposta me encheria de pavor frente ao que Hollywood é capaz hoje em dia...

Na trama do filme, há uma profecia lendária: uma criança de olhos azuis ocasionará uma grande pendenga quando for adulta. Os membros de uma dada tribo temem o dia em que tal pendenga se dará. Numa caçada a animais ancestrais dos proboscídeos, uma mentira heróica é desvendada. Entretanto, a tal mulher de olhos azuis é seqüestrada por uma tribo belicosa. Seu amado irá perseguir os agressores até encontrá-la. Para tal, porá em prática todas as técnicas e táticas de guerra que conhece. Ele pode, ele é do bem, ele está apaixonado. Ok? Nem a pau! Ou melhor, só a pauladas. Não vou detalhar o que acontece no clímax definitivo do filme, mas é ruim. Não acreditei que aquilo fosse amor. Fiquei a pensar comigo mesmo se sou daquele jeito também. Fiquei lembrando o dia em que quase briguei fisicamente com Marcos Miranda. O que aconteceria se não tivessem nos separado? Teria eu me arrependido de alguma coisa? Para minha sorte imediata, jamais irei saber.

Wesley PC>

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