segunda-feira, 4 de maio de 2009

E ELE DEIXOU DE SORRIR...

Rafael Maurício perdeu a carteira – e parece que só me sinto humano quando sou servil!

Domingo à noite, víamos “Luzes da Cidade” (1931, do gênio Charlie Chaplin) em Gomorra. Eu tentava conter o riso (a fim de não incomodar o preocupado baiano), mas não conseguia: o mestre supremo da pantomima consegue extrair qualquer reação desejada de seus espectadores (eu incluído). Sorri tanto, que pensavam que eu estivesse sob efeito de maconha...

Mas, como sempre acontece nas comédias inerentemente dramáticas deste precioso e singular autor, eu também chorei – e esta última cena é a responsável, orgulhosamente responsável. Será que existe alguém ainda que não tenha visto esta obra-prima e me impeça aqui de revelar o final? Pelo sim, pelo não, arrisco:

O personagem de Charlie Chaplin no filme é seu típico vagabundo. Impede um suicídio, dizendo que “os pássaros voltarão a cantar amanhã” e, como não poderia deixar de ser, se apaixona. Encanta-se por uma florista cega e pobre, que o leva a arrumar inúmeros empregos frustrados, a fim de pagar uma cirurgia ocular, que ocorre ao preço de um confinamento prisional. Anos depois, gozando de uma dolorosa liberdade, ele a reencontra. Ela agora vê e, tratando-o como um mendigo qualquer, pede que ele escolha entre uma flor e uma moeda. Ele aceita a flor. Ela o reconhece ao tocar em sua mão. Há uma (in)esperada decepção, pois ele não é o milionário que ela esperava. Gênio como é, Charlie Chaplin não dá tempo para esperarmos o “obrigado” dela, que talvez não viesse a ocorrer... Interrompe a imagem em seu clímax. Gênio que é!

Ai de mim se for esperar “obrigados”...

Wesley PC>

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