segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

EU QUERO UM TAPA-OLHO QUE NEM O DO JEFF BRIDGES!

Não duvidava que a versão dos irmãos Ethan & Joel Coen para o romance escrito por Charles Portis em 1968, fosse inferior à versão já filmada por Henry Hathaway em 1969, mas definitivamente os personagens de “Bravura Indômita” têm muito a ver o universo caipira dos diretores. Conclusão: com todos os defeitos, achei o filme ótimo!

Apesar de, obviamente, Jeff Bridges estar aquém do brilhantismo tardio de John Wayne como o embriagado protagonista Rooster Cogburn, o roteiro inteligente dos diretores compensou com louvor a minha ojeriza habitual a regravações fílmicas: que diálogos fabulosos neste filme! Numa das seqüências iniciais, quando a jovenzinha Mattie Ross (vivida com inspiração caricatural por Hailee Steinfeld) depara-se com o cadáver recém-embalsamado de seu pai, gargalhei várias vezes com a insistência do agente funerário em fazer com que ela beijasse o defunto. Mais à frente, gargalhei mais ainda com a tautologia situacional que fez com que ela batizasse um cavalo negro, diante de um rapazola negro, de “pretinho”. Noutras seqüências, gargalhei com o modo chistoso como o filme zombou do racismo anti-indígena característico dos faroestes. Em suma, dialogística e roteiristicamente, o filme é genial!

Poderia reclamar de alguns desempenhos mais fracos (Barry Pepper e Matt Damon, entre eles) ou de algumas cenas demasiado escuras (o ataque das cascáveis, por exemplo, mas nada que macule o brilhantismo típico de Roger Deakins, colaborador habitual dos diretores), mas a exuberância técnica do filme (a magnífica trilha sonora de Carter Burwell em destaque) me deixou encantado, imune até mesmo aos defeitos esperados e imaginados por meu pré-conceito ferrenho contra regravações de bons filmes hollywoodianos. “Bravura Indômita” (2010) é um filme bem mais inteligente do que eu pressupunha. Boníssimo!

Ah, sim, bem que eu queria um tapa-olho destes: a fotofobia decorrente de minha enxaqueca está me destruindo!

Wesley PC>

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