segunda-feira, 27 de setembro de 2010

OS DISCOS QUE EU COMPREI PELA CAPA # 3:

Recentemente, eu postei algumas colunas sobre os discos pitorescos que havia descoberto por acaso e, após duas edições, creio que é chegado o momento de apresentar novamente o que eu estou a ouvir agora:

“Facing Future” (1993), de Israel Kamakawiwo‘ole: falecido em 1997 por causa de complicações relativas à sua obesidade mórbida (ele chegou a pesar 343 quilos em determinado momento de sua vida!), este artista havaiano legou ao mundo o que de mais poético e melancólico poderia ser feito a partir de um ukelele, instrumento típico do lugar em que viveu, considerado uma unidade federativa dos EUA, não obstante sua localização geográfica inóspita e seus caracteres culturais bem particulares. O artista em pauta faz, portanto, excelente uso de suas particularidades havaianas, mesmo quando regrava clássicos do cancioneiro estadunidense, como, por exemplo, o ‘medley’ entre “Over the Rainbow” e “What a Wonderful World” que o tornou famoso. Porém, em minha opinião, as melhores canções estão mesmo no início, como a merencória faixa de abertura (“Hawai’i ‘78 Introduction”), as faixas com títulos exóticos (“Ka Huila Wai” e “Ama‘ama” à frente) e o belíssimo hino “Take Me Home, Country Roads”, de autoria de John Denver. Recomendo este disco de pé e com uma lágrima furtiva no rosto;

Luísa Mandou um Beijo” (2004), de Luísa Mandou um Beijo: supra-sumo da pimbice, este disco chega a introduzir trechos dos diálogos do filme “Deus e o Diabo na Terra do Sol” (1964, de Glauber Rocha) numa de suas faixas, só para demonstrar o quanto é ‘cult’. A faixa em pauta tem como nome “Anselmo” e até que soa muito legalzinho depois que superamos a pecha intelectualóide do projeto do disco. Motivo principal: a combinação entre os instrumentos de sopro, as guitarras tipicamente distorcidas e a voz doce da vocalista Flávia Muniz cumprem bem a função da banda carioca enquanto criadora de sonoridades grudentas e inofensivas, não obstante os títulos das canções assustarem os mais puristas. Afinal de contas, o que se esperar de um disco que contém faixas nomeadas “Guardanapos”, “Com um Pote de Geléia de Morango nas Mãos” e “Hoje,m o Mar Dançou no Céu”? Tudo bem, eu sei que assusta, mas depois que ouvimos, a gente gosta, juro!;


• “We Came to Take Your Jobs Away” (2006), de Kultur Shock: nem vou demorar muito tempo explicando o que eu (ou)vi neste disco. É ‘gypsy punk’ em estado bruto, um de meus gêneros musicais favoritos e, como tal, eu, minha mãe e minha cachorra recém-parida rodopiamos freneticamente pela casa ao som de canções dançantes e politizadas como “God is Busy. May I Help You?”, “Poor Man’s Tango”, “Sarajevo” e “Hashishi”. Digo mais: apesar de a maior parte das letras ser em inglês e de a banda ter sido formada nos Estados Unidos, as raízes búlgaras, bósnias e indonésias de seus participantes manifestam-se gloriosamente nas 10 canções do disco. Com certeza, isto vai tocar cada vez mais alto em minha casa e, em breve, estarei dançando-o nas ruas da cidade. Contagiante por demais!

E é isso, por enquanto.

Wesley PC>

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