domingo, 28 de março de 2010

A SAFADA DA CATHERINE BREILLAT DEVE TER LIDO MEU DIÁRIO PESSOAL, NÃO É POSSÍVEL!

O nome desta mulher nua na foto é Amira Casar. Ela é a protagonista feminina de “Anatomia do Inferno” (2004), ótimo filme da francesa Catherine Breillat, de quem sou fã, que tive o orgulho de ver nesta tarde de sábado. No filme, a protagonista visita uma boate ‘gay’ e, após uma noite de abandono, tenta se matar. É salva na hora H pelo personagem de Rocco Siffredi, que pergunta o motivo de ela estar querendo acabar com a própria vida e a resposta vem seca: “porque sou mulher”. Ele, então, a leva a uma farmácia, onde ela faz um curativo, e depois é convidado por ela para observá-la, para analisar o seu corpo débil de mulher. O que se segue são sessões de feminismo invertido (uma verdadeira ode a uma estapafúrdia e preconceituosa fraqueza feminina), permeadas por bizarrices como batom passado no ânus, um ancinho enfiado na vagina da protagonista e um pênis completamente encharcado de sangue menstrual. Em outras palavras: algumas de minhas memórias famosas de infância (eu também já passei batom no cu!) e anseios eróticos de caráter heterossexual (sonho em ver uma mulher menstruando diante de mim!) misturaram-se neste filme que, com todos os seus problemas, soou-me deveras pessoal, fez com que eu me identificasse completamente, me fez desejar o Rocco Siffredi (que se revela um ator dramático e chorão competente!) e fez com que eu ratificasse o quanto eu sou fã da Catherine Breillat.

Como a maior parte das pessoas de minha geração, conheci esta artista aparentemente viciada em sexo graças ao novo clássico “Romance” (1999), em que uma mulher comprometida e bem-relacionada enfrenta uma grave crise de tédio existencial e passa a oferecer seu corpo a quem quiser, no afã por sentir-se preenchida sensorialmente, mas não consegue. Anos depois, vi “A Última Amante” (2007) no cinema e me encantei pela personagem firme de Ásia Argento, cortesã sufocada pelas opressivas convenções sociais aristocráticas e hipócritas. Descobri tardiamente “Uma Adolescente de Verdade” (1976), magnífico relato das descobertas sexuais de uma garota do interior atraída pelo pai que, numa das cenas eróticas mais geniais do cinema, tem uma minhoca dilacerada sobre sua vagina e sei que “Barba Azul” (2009) é o nome do projeto fabular mais recente da diretor, o qual está na minha lista pessoal de desejados desde já. Com todos os problemas discursivos manifestos em “Anatomia do Inferno”, permaneço um fã ardoroso dela. Parece que ela se diverte a plagiar os desejos recônditos de minha vida pessoal. Grande (e pervertida) artista!

Wesley PC>

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