sexta-feira, 21 de junho de 2013

UM POSICIONAMENTO, TALVEZ...

Em quase todos os veículos de comunicação de massa, o assunto dos últimos dias foi a profusão de manifestações populares que acontece no Brasil, inicialmente exigindo a redução do preço das passagens de ônibus, mas abstratamente vinculadas a protestos contra a corrupção e o mau gerenciamento do erário público por causa das atividades relacionadas à Copa do Mundo de Futebol, que, em 2014, será sediada no Brasil, o que demanda gastos exorbitantes. Para além de eu concordar ou não com o que estava sendo reivindicado (meu posicionamento determinante em relação às decisões estatais é impedir que as conseqüências discursivas de cunho negativamente dicotômicos me afete pessoalmente), desta vez não consegui me esquivar de falar algo sobre o assunto: eu preciso me manifestar de alguma forma, principalmente em relação àqueles que me obrigaram simbolicamente a “ir às ruas”,“sair da zona de conforto cibernética” em que eu me encontro aqui em casa, digitando em frente à tela de um computador. As coisas não são tão simples e/ou unidirecionais assim...

Além de eu não ter sentido a mínima vontade de participar da sucursal sergipana das tais manifestações, ocorrida na quinta-feira, 20 de junho de 2013, irritei-me sobremaneira ao perceber como amigos meus se deixavam levar por uma condução reivindicativa imitativa, impregnada de chavões senso-comunais, provenientes de líderes de opinião que, em dias anteriores às tais manifestações, engrossavam as fileiras de consumidores que justificavam os tais investimentos futebolísticos agora renegados. Sinceramente, não em sinto nem um pouco tentado a me enfiar em multidões gritantes para reivindicar aos berros aquilo que eu sempre fiz, em pequenas e cotidianas ações, ao longo de minha vida. Para mim, o ato de protestar sempre foi algo perfunctório: o lugar onde moro e as condições de minha personalidade exigem isso de mim, até mesmo por vieses involuntários. Não fiz questão de engrossar as fileiras estatísticas de uma multidão que clama predominantemente pela noticiabilidade mais chinfrim, aquela que eu condeno enquanto jornalista em potencial, visto que é marcada pela retroalimentação de padrões. Assim sendo, eu não quis ir à manifestação susomencionada e não me arrependi de tão decisão!

A minha frustração particular em relação à falibilidade organizacional de tais manifestações não implique que eu discorde das mesmas, que eu seja absolutamente contrário a elas. Não é o caso. Porém, não recaio no deslumbramento hiperinterpretativo que está sendo levado a cabo por alguns espectadores de telejornais, que enxergam na mesma uma hipertrofia democrática cavalar, a ponto de transformarem em lema midiático a frase “o gigante acordou” (sic), relacionada aos clamores que agora tomam de assalto o país geograficamente enorme que é o Brasil. As questões são mais delicadas e requerentes de análise que essa empolgação estouvada. Senti-me internamente violentado nos últimos dias, ao me sentir simbolicamente acusado (por minha descrença essencial em relação ao que estava ocorrendo) de não participar do levante popular mais ousado e numeroso dos últimos vinte anos no Brasil. Por enquanto, eu tergiverso: sei não, sei não...


Wesley PC> 

2 comentários:

Unknown disse...

Pra vc ver mais ou menos a minha relação com isso, eu queria ter ido, mas não me arrependo de não ter ido. Eu sou uma pessoa desconfiada, mas quero acreditar que terá algo positivo. Ver que as pessoas estão se movimentando (em massa) é algo que dá uma empolgação, mas não saber (ah minha desconfiança) para onde está se movimentando me deixa a uma certa distância dessa onda de manifestações. De toda forma, talvez eu não esteja tão confuso quanto algumas pessoas que entraram nessa onda de forma mais contudente.

Gomorra disse...

Nesses pontos destacados, tio, eu concordo contigo: estamos na torcida!

Eu só não quero me enfiar nesta multidão... Agora, pelo menos, não me parece o momento... Do jeito como a coisa está sendo conduzida, não mesmo!

Mas que dê certo, que a coisa medre!

WPC>