quarta-feira, 25 de setembro de 2013

EMOÇÕES QUE APENAS A POLÍTICA EXPLICA...


Já conhecia o cineasta Patricio Guzmán por causa de sua devoção incansável ao resgate da memória política chilena, a tudo aquilo que foi suplantado pelo golpe de estado de 11 de setembro de 1973. Por mais que seu documentário “Salvador Allende” (2004) tenha me incomodado um pouco no início pelo tom hagiográfico e pela reutilização insistente de imagens de outros filmes, a imersão cada vez maior do realizador em seu próprio percurso fílmico descarregava emoção: ao final da sessão, eu estava em transe, agradecido por ter amigos a quem eu pudesse destinar o encanto pela vida que me tomava de assalto naquele instante...

Dentre as cenas que mais me impressionaram, todos aqueles momentos de forte apoio popular, as perscrutações do cineasta nos locais que foram atacados pelos militares (que se tornaram “um museu secreto, um recanto de amnésia”) e a entrevista com um funcionário aposentado da companhia de inteligência norte-americana que, quando perguntado acerca do que sentira quando soube que Salvador Allende estava morto, respondeu cinicamente: ele colheu aquilo que plantou ao crer que a direita se suicidaria na alegria”. Incrível! Maravilhoso o filme: emoção em estado bruto!

Wesley PC>  

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