sexta-feira, 16 de julho de 2010

PRA DENTRO!

Não sei quem lembra, mas recentemente comprei uma briga com a Biblioteca Central da UFS, no sentido de que eu exigia o direito de locar filmes em VHS, visto que meu videocassete ainda funciona e, como tal, isso iria de encontro aos dois grandes motivos-chave para que eles me impedissem de ter acesso às fitas: 1- a ausência de demanda; e 2 – a obsolescência tecnológica.

Ao meio-dia de hoje, voltei a conversar com os bibliotecários que encaixotaram as fitas em VHS e exaltei-me mais do que deveria. Talvez menos do que deveria, mas com as pessoas erradas. Gritei, esperneei, demonstrei meu desespero em relação a este sistema cultural capenga, que permite que motivos aberrantemente atrozes como estes sejam utilizados, mas, ao final, a culpa não era de quem estava discutindo comigo. Depois de quase meia-hora de gritaria e troca de acusações, percebi que estava reclamando com aqueles que não são necessariamente culpados de meu impedimento. Quer dizer: eles meio que coadunam profissionalmente com a situação, mas... E se eu realmente entender que eles foram obrigados pela morbidez destrutiva do capitalismo emburrecedor? Como funcionário da própria UFS, pude entender que eles tinham razão quando utilizavam o jargão “falta de verba” como defesa para o que estava acontecendo. Deixei bem claro que minha insatisfação não era com eles, que fui muito bem tratado pelos dois bibliotecários enquanto pessoas, mas... Havia um problema: eu continuava a me sentir vilipendiado. Porém, minha reclamação solitária não adiantaria de nada. Eu perdi! Perdi, mas lutei...

Cheguei em casa, conversei com algumas pessoas (real e virtualmente), sentei um pouco no computador para desafogar as mágoas e percebi que não conheço ninguém que tenha visto “La Fille Du RER” (2009), simpático filme do André Techiné que me encantou há alguns meses, em especial pela química sexual e rítmica que se dá entre a protagonista Émile Dequenne e seu namorado atirado Nicolas Duvauchelle. E isso me pareceu tão consolador quanto repetir “Um Índio”, do Caetano Veloso, passadas mais de vinte e três horas desta sexta-feira. Estou com fome. E quem está com fome e pode, come!

“Virá, impávido que nem Muhammed Ali, virá que eu vi
Apaixonadamente como Peri, virá que eu vi
Tranqüilo e infalível como Bruce Lee, virá que eu vi
O axé do afoxé, filhos de Ghandi, virá”!


Wesley PC>

Um comentário:

Unknown disse...
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