O enredo parece absurdo, mas, contando com os diálogos tipicamente queirozianos [o diretor utiliza o pseudônimo Mauri de Queiroz (na verdade, seu nome verdadeiro) como crédito de roteirista], o resultado é ainda pior (ou melhor, a depender do âmbito avaliativo). As cenas de sexo entre Dalmi e a vizinha, por exemplo, são permeadas por toques sadomasoquistas hilários (“me bata! Me bata! Bata mais, mais forte!”) e as ameaças perpetradas pela gangue do marido da personagem-título, um traficante de cocaína disfarçado de filantropo, são chistosas, de tão escrotas. A própria concepção da personagem Elza escandaliza o espectador, visto que era parece frágil e benévola a principio e logo se revela uma facínora ciumenta e perniciosa. “No fundo, somos todos iguais. Quem sabe até nos sentimentos”...
Em verdade, a personagem do filme que mais gostei foi uma prostituta com quem Dalmi se envolve depois que foge da casa do seu patrão, depois que Elza, encolerizada e sexualmente insatisfeita, assassina a sua rival subclassista. Esta surge num cabaré meia-boca, onde uma cantora nos encanta com uma voz similar à da musa brega Diana, encetando uma canção sobre afetos desencontrados. A prostituta narra uma desventura envolvendo um namorado, que, depois de ser preso por roubo de carros, apaixona-se por outro homem na prisão. “Além de virar viado, ele ainda me apresentou ao seu homem, quando eu fui lá visitá-lo”, lamenta a prostituta, antes de ser fustigada por tiros.Gostei muito do filme, muito mesmo!
Wesley PC>
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