domingo, 5 de outubro de 2014

“NUNCA SABEMOS QUEM NOS AMA DE VERDADE. POR ISSO, DEVEMOS CONTINUAR AMANDO. AS PESSOAS PASSAM POR NOSSAS VIDAS, E O QUE NOS SOBRAM SÃO ALGUMAS LEMBRANÇAS, ALGUNS SORRISOS E A INEVITÁVEL SENSAÇÃO DE FRACASSO”... (EM DEFESA DO PEDRO CARLOS ROVAI)

Este melancólico julgamento sobre a vida está contido no segundo episódio (“A Assinatura”) da alegada pornochanchada primeva “Adultério à Brasileira” (1969), dirigida e roteirizada por Pedro Carlos Rovai. Apesar de o último episódio (“A Receita”) realmente conter os chistes machistas atrelados a este subgênero cômico, o tom do filme é quase merencório, chegando mesmo a emular os filmes neo-realistas de Michelangelo Antonioni. Surpreendi-me positivamente, a ponto de me empolgar solenemente com o talento directivo subaproveitado do realizador brasileiro associado a comédias eróticas rasteiras...

Ao voltar para casa, depois de exercer o meu “direito democrático do voto” (sic), arrumei-me para ver “A Viúva Virgem” (1972), um dos filmes mais elogiados do diretor, mas a cópia era falsa. Consolei-me, então, com mais uma pornochanchada em episódios, “Os Mansos”, que, além da direção de Pedro Carlos Rovai, contava também com as colaborações de Braz Chediak e Aurélio Teixeira. Minha mãe e meu irmão sorriram bastante durante a sessão, mas o filme me desagradou por seu conteúdo preconceituoso. Exceção ao tom irônico do primeiro episódio, “A B... de Ouro”, sobre um homem (Mário Benvenutti) que oferece uma fortuna apenas para tocar nas nádegas de uma loira escultural (Sandra Bréa), que convence o seu marido (José Lewgoy) a consentir com a negociata. Lema do episódio: “Deus foi injusto com os homens: com tanta mulher no mundo, ele nos fez com dez dedos e apenas um pinto”. Urgh! Machista até o talo, mas quem diz isso é o protagonista, ridicularizado ao final, e não o diretor/roteirista. Menos mal...

Wesley PC>

Nenhum comentário: