sexta-feira, 4 de julho de 2014

AS PESSOAS GRITAM MUITO NO CINEMA MARGINAL!

Helena Ignez é a narradora de “Os Monstros de Babaloo” (1970, de Elyseu Visconti). Seu pai é interpretado por Badu; sua mãe, por Wilza Karla. Zezé Macedo é a empregada da família. O irmão deficiente é estuprado. O dinheiro se esvai, mas, ao final, encontra uma herdeira. E todos esses personagens gritam!

É incrível como as pessoas gritam nos filmes do Cinema Marginal. E, ao mesmo tempo, é maravilhoso e coerente que elas gritem tanto! Nestes filmes, os impulsos bestiais são mais intensos que os comportamentos humanos. Por isso, tantas fodas, tantos desvios sexuais...

Num dos momentos mais angustiantes do filme, a mãe é seduzida por um rapazola cubano, que rouba todas as suas jóias (verdadeiras). “Eu vou te dar muito, muito dinheiro. E tudo o que tu precisas fazer é ser bonzinho para mim!”, externa a mãe, no ato da contratação do gigolô. Durante o ato sexual, ela grita mais que geme. E a narradora interrompe o gozo, antecipando o desfecho previsível deste relacionamento. Acontecerá comigo, mais cedo ou mais tarde. E/ou tomara que não...

 A fotografia do filme é predominantemente escura, apesar de o filme ser praiano. À época de seu lançamento, o filme foi propagandeado como um similar brazuca da obra máxima de Orson Welles. Para muitos críticos, “Os Monstros de Babaloo” é um filme de terror. Yma Sumac é uma das várias convidadas homenageadas na trilha sonora. O meu estilo de atuação na vida real deve muito a esses personagens gritantes do Cinema Marginal. Esta é uma confissão! 

Wesley PC>

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