terça-feira, 24 de junho de 2014

PARA QUEM CANTA NO CHUVEIRO E DANÇA NA VIDA!

Há alguns meses, ganhei de presente o romance “Bebel que a Cidade Comeu”, do escritor Ignácio de Loyola Brandão. O livro tem quase 400 páginas e, apesar de eu ter algumas promessas literárias pendentes, creio que o iniciarei amanhã mesmo. O motivo dominante: passei muito tempo indagando se este título teria inspirado o longa-metragem “Bebel, Garota Propaganda” (1968, de Maurice Capovilla). Na tarde de hoje, vi o filme e tirei a prova: sim, era – e o filme é ótimo!

Na trama, a bela e mui talentosa Rossana Ghessa interpreta a personagem-título, Maria Isabel, que, depois de ter seu hipocorístico descoberto por causa de um vizinho gago, torna-se modelo de uma campanha de sabonete. Não sabe cantar, mas improvisa, dubla. É linda, faz sucesso, fica famosa e mal-falada. Sai de casa, conhece o nadir midiático, é abandonada e usada por inúmeros homens. Termina o filme com os cabelos balançando, sendo rifada pelo sarcástico personagem de Maurício do Valle, que, antes, escorrega pelas ladeiras paulistanas sentado num bloco de gelo, alegando estar praticando um “esporte de inverno”. Antes dele, Bebel foi utilizada por John Herbert, Paulo José, Fernando de Barros e tantos outros, tendo se apegado afetivamente ao estudante mimado vivido por Geraldo Del Rey, que a tacha de alienada mas que a repreende quando descobre que ela não é mais virgem. Um filme ótimo, que, passados quarenta e seis desde a sua realização, ainda permanece deveras atual, profético. Uma aula sobre a Indústria Cultural no Brasil, uma transição inteligentíssima entre o Cinema Novo e as pornochanchadas. Quero ver de novo, acompanhado por mais gente: minha mãe amou a amoralidade do enredo, apesar de ter se decepcionado com o final abrupto. Eu amei. E, agora, estou ansioso pelo livro-base!

Wesley PC>

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